A recuperação dos centros históricos é a primeira aposta da Rede de Judiarias de Portugal, que foi oficialmente apresentada anteontem durante um almoço oferecido pelo embaixador de Israel na Quinta da Bica, em Belmonte – vila que acolhe a sede da associação. Durante a cerimónia, o presidente da Turismo Serra da Estrela garantiu que os municípios vão começar a desenvolver projetos com vista à recuperação dos bairros judaicos.
Jorge Patrão explicou que muitos espaços estão a ficar degradados e que é urgente uma intervenção para «não deixar morrer a história do povo judeu». Além disso, não esqueceu a vertente turística em que a rede também pretende operar e, por isso, apelou à existência de voos diretos entre Portugal e Israel, uma vontade igualmente manifestada pelo embaixador Ehud Gol. A par da recuperação das antigas judiarias, a rede pretende ainda que a herança judaica possa atrair investimentos na área do turismo, com vista ao «desenvolvimento da economia local». Já o secretário de Estado da Cultura considerou que só faz sentido criar uma rede que favoreça visitas temáticas às regiões. «O turismo hoje faz-se por temas e pela cultura, porque as pessoas procuram a diversidade e a diferença», explicou Elísio Summavielle, reconhecendo que a história judaica pode ser um motivo de atração para muitos turistas.
Embora acredita na dinamização do turismo como um dos aspetos fundamentais da Rede de Judiarias, o embaixador de Israel admitiu que a «recuperação da história dos judeus portugueses» é o que mais lhe interessa. «Não podemos fazer o nosso trabalho sem conhecer o passado de muitas comunidades que viveram aqui durante várias gerações», defendeu Ehud Gol. Para fazer o levantamento dessa identidade judaica, Jorge Patrão garantiu que a associação irá trabalhar com «intelectuais, reitores de universidades e historiadores» que desenvolvem trabalhos sobre esta temática. «A Universidade da Beira Interior já decidiu dinamizar o Centro de Estudos Judaicos [uma das unidades da rede] e notamos que há uma vontade de maior colaboração de outras entidades do país», revelou.
Esta dimensão nacional também agrada ao autarca de Belmonte, vila onde ainda persiste uma das maiores comunidades judaicas do país. «Penso que irá valorizar a realidade de Belmonte e da história da nossa comunidade, além de que poderemos continuar a trabalhar na recuperação da antiga judiaria», explicou Amândio Melo.
Catarina Pinto