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Dominique Strauss-Kahn

Bilhete Postal

Não sabemos ainda da verdade sobre o caso do Sr. FMI, mas suspeitamos de que existem fortes indícios de culpabilidade, fortes sinais de crimes passados e petulância presente. O problema do poder é exactamente a necessidade de ele ser fiscalizado e muito criteriosamente balizado. Os que, como eu, acreditam num poder limitado pela lei, passam a vida a exigir o cumprimento da observação por gente impoluta, por instituições insuspeitas. Um poder só é democrático se for fiscalizado. Os tiranos nascem dos medos institucionais, do abuso do poder, da ausência de sistema frenador dos ímpetos do macaco selvagem.

Ainda não sabemos se Dominique é um biltre, mas há já mais mulheres a ganharem coragem de lhe imputar culpabilidade. Na Europa parece que se teria salvo desta vilania que os americanos estão a reprimir de modo brutal. Que importa a eloquência ou a retórica, ou o brilho profissional, ou a competência, se o bicho rouba, vilipendia, viola, comete violência de género? Que importa as suas amizades se o macaco não respeita os outros? O cancro social está também na usurpação de um cargo para magoar alguém. Uma das minhas dúvidas sobre esta democracia está exactamente nesta anormalidade de ter visto alcoólicos serem mais protegidos que tipos cumpridores, ter visto agressores da mulher terem auferido melhores contratos que pares, ver ladrões caminharem impunes, ver empenhamentos excessivos em trivialidades e ficarem impunes grandes trafulhas. As instituições têm de ser vigiadas e as pessoas que mandam devem ser confrontadas com os seus resultados e as suas decisões. Parece que Strauss Kahn (Chaud Lapin) tinha um histórico pouco recomendável. Que leva os seus pares a guinda-lo ao mais alto cargo da finança? Que torna este comportamento bizarro digno de consenso? Recordo coisas parecidas nas escolhas para altos cargos institucionais portugueses. O encontro de ideias, o consenso fazia-se dentro da mediocridade, da baixeza, da falta de virtude. Por isso gostei sempre de alternativas e odiei os consensos.

Se és um macaco mau mereces uma gaiola.

Por: Diogo Cabrita

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