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Prémio Camões para Manuel António Pina

É o terceiro autor do distrito da Guarda a receber o maior galardão da literatura em língua portuguesa depois de Vergílio Ferreira (1992) e Eduardo Lourenço (1996)

«Consensual e unânime», assim foi a decisão de atribuir a Manuel António Pina o Prémio Camões, o maior galardão da literatura em língua portuguesa. Anunciada na passada quinta-feira, no Rio de Janeiro, a distinção resultou de «uma reunião que durou menos de meia hora», revelou o júri num comunicado onde destacou a «inventividade e a originalidade» da obra do escritor, poeta e jornalista natural do Sabugal.

A decisão apanhou o autor desprevenido. «Foi a coisa mais inesperada que eu poderia esperar. Nem sabia que o júri estava reunido, nem que o prémio ia ser atribuído hoje [no dia 12]», disse à agência Lusa, à qual também confidenciou o embaraço: «Foi uma surpresa enorme, principalmente por me ter sido atribuído a mim. Sinto-me um bocado embaraçado, atendendo à qualidade das pessoas, ao Panteão a quem já foi atribuído anteriormente o prémio. Mas enfim… é surpreendente por isso mesmo, também». No entanto, segundo o “Público”, todos os jurados levavam o seu nome nas listas que analisaram na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, pelo que a decisão terá sido fácil de tomar. Presidido pelo ensaísta e professor de literatura brasileira Abel Barros Baptista, o júri integrou mais um jurado português (a ensaísta e poetisa Rosa Martelo), dois brasileiros (o poeta António Carlos Secchim e a ficcionista Edla Van Steen) e ainda dois representantes dos países africanos de expressão portuguesa (a poetisa e ficcionista angolana Ana Paula Tavares e a ensaísta são-tomense Inocência Mata).

Manuel António Pina é o 23º vencedor deste galardão, no valor de 100 mil euros, e o décimo português. É ainda o terceiro autor originário do distrito da Guarda, depois de Vergílio Ferreira (1992) e Eduardo Lourenço (1996), a receber esta distinção criada em 1989 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa. O galardoado nasceu em 1943 no Sabugal, terra de origem da família materna, enquanto o pai é oriundo de Aldeia Viçosa, no concelho da Guarda. Reside no Porto desde os 17 anos. É licenciado em Direito, mas foi no jornalismo que deu cartas, entre 1971 e 2001, sempre no “Jornal de Notícias”, onde foi editor e chefe de redação. Atualmente, publica diariamente uma coluna de opinião na última pagina do diário portuense. Além disso, escreveu quatro dezenas de livros de poesia, ficção, literatura infanto-juvenil, ensaio e crónica, tendo sido amplamente premiado e traduzido.

É ainda autor de duas dezenas de peças de teatro. Publicou o seu primeiro livro para crianças em 1973, “O País das Pessoas de Pernas para o Ar”, e estreou-se na poesia no ano seguinte com a obra “Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde”. Só em 2003 publicou o romance “Os Papéis de K.”. No ano passado, a Guarda dedicou um seminário à sua obra e instituiu um prémio literário com o seu nome para premiar, alternadamente, obras de poesia e de literatura infanto-juvenil. O poeta João Rasteiro foi o vencedor da primeira edição. Para António Robalo, presidente da Câmara do Sabugal, que homenageou o autor em parceria com a Junta de Freguesia daquela cidade, «o facto de um natural do concelho ter sido distinguido com o maior galardão da literatura em língua portuguesa representa um enorme orgulho para todos os habitantes».

Luis Martins Manuel António Pina (à direita na foto) na entrega do prémio com o seu nome lançado pela Câmara da Guarda

Prémio Camões para Manuel António Pina

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