Desde que o governo demissionário PS, PSD e CDS assinaram o memorando do triunvirato EU/BCE/FMI ficaram amarrados ao mesmo programa de governo. Infelizmente, os vários opinadores que passam pela televisão e mesmo os da nossa praça – mas por cá o descaramento ainda é maior – são comentadores em causa própria. O esforço “limiano” para encontrar diferenças entre um governo liderado pelo PS e um governo liderado pelo PSD é confrangedor.
São inúmeros os programas de análise e solicitações de comentários a gente alinhada com uns e com outros para justificarem a opção de voto num dos dois partidos.
Entretêm-se a discutir os efeitos da alternância e ocultam quem defende políticas alternativas, pois seria mais sério que houvesse um efetivo debate entre os protagonistas políticos dos diversos partidos ao longo do tempo que o circunscrito à campanha.
Lógico seria colocar em pé de igualdade e em debate propostas verdadeiramente alternativas em vez da análise desinteressante das concludências que separam PS, PSD e CDS, inclusive na base dos chamados paraquedistas, além destes também os de cá nada fizeram no combate as assimetrias económico-sociais da Guarda.
O interesse jornalístico desta opção é naturalmente reduzido, mas o interesse político dos proprietários dos órgãos de comunicação social é demasiado importante para ceder a esse luxo do interesse público, pois importa realçar o dito serviço público da informação.
É impressionante a quantidade de figuras e figurões ligados à “troika” subserviente que nos tem governado nos últimos 35 anos que aparece a dar a sua opinião e a ditar a sua máxima.
Nos meus contactos com os camaradas nas ruas sente-se o reflexo desta concertação, com os cidadãos a manifestar o seu desânimo perante a suposta ausência de alternativas.
Digo suposta porque, por muito que a ocultem, existe alternativa ao programa comum de governo de PS, PSD e CDS.
A CDU defende a renegociação da dívida, o reforço do investimento público, o aproveitamento integrado dos recursos naturais, uma forte aposta nas micro, pequenas e médias empresas, a reconstituição de um forte sector empresarial do Estado, uma intransigente defesa dos direitos laborais e sociais, o aumento de salários e pensões, uma política fiscal mais justa que alivie a tributação sobre o trabalho e aumente a tributação sobre os lucros dos grandes grupos económicos.
Que interessante seria ver, de forma equilibrada, além dos analistas comprometidos com esta soluções a debaterem com os que defendem as soluções das inevitabilidades e dos caminhos únicos que levam sempre ao mesmo sítio.
Mas o que temos é gente a discutir quem é mais eficaz na execução do mesmo programa da troika, quem é mais capaz de levar a bom porto as mesmas opções políticas de sempre e que levaram à ruína do nosso país.
Buscar as diferenças onde elas não existem parece ser mais interessante do que confrontar alternativas.
Assim, garante-se que o resultado é sempre o mesmo. Ganhe um ou outro, governem sozinhos ou acompanhados um pelo outro e pela sempre disponível e astuta muleta do CDS, como um “submarino”, que não expõe as suas essências ideológicas, mas estão presentes na prática governativa aliada.
Se a arma do Povo é o voto, então cada votante é dono do seu voto e se todos os que anseiam pela mudança forem consequentes isto muda mesmo.
Por: Honorato Robalo *
* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP