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Mais de 380 idosos vivem isolados no distrito da Guarda

Seia é o concelho onde a GNR encontrou mais idosos a viver sozinhos ou isolados, no âmbito da operação Censos Sénior

São 389 os idosos que vivem em situação de isolamento no distrito da Guarda. O número foi avançado a O INTERIOR pelo tenente-coronel Cunha Rasteiro, no âmbito da “Operação Censos Sénior”, um programa organizado pela GNR com o objetivo de identificar os habitantes mais velhos que vivam sós ou isolados nos diferentes concelhos do país.

Nesta primeira incursão pelo distrito, os militares da GNR procuraram conhecer o dia-a-dia e os hábitos de cada idoso. Viverem sozinhos ou fora de qualquer aglomerado habitacional foram apenas dois dos requisitos seguidos para fazer a avaliação no terreno. Além da sinalização e da troca de contactos, a ideia era tentar «ganhar uma confiança mútua para que percebam que há alguém que os pode ajudar caso seja necessário», explicou Cunha Rasteiro. Dos concelhos visitados foi em Seia que a GNR encontrou a situação mais preocupante, com a existência de 100 idosos a viverem isolados ou sozinhos. A seguir surge a Guarda com 72 pessoas em situação semelhante e o Sabugal com 69 (ver quadro). Ao invés, nos concelhos de Vila Nova de Foz Côa e Manteigas «não foram sinalizados, por enquanto, casos de isolamento».

Nesta primeira fase ainda não foi possível apurar, em detalhe, a situação económica e as condições de salubridade em que vive cada um, mas o oficial garante que a maioria das pessoas abordadas «estava bem». Ainda assim, não esconde que a realidade é cada vez mais preocupante: «Há um isolamento tremendo, sobretudo porque encontrámos idosos que passam semanas sem ver ninguém», lamentou. Tendo em conta que estes habitantes acabam por ser alvos fáceis da ação de burlões, a questão da segurança também dominou as conversas porta-a-porta. «Ainda existe uma grande parte da população idosa que não mantém um contacto próximo com gerações mais jovens, nem tem grande acesso a meios de comunicação e, por isso, estão mais sujeitos a serem enganados ou assaltados», referiu o Cunha Rasteiro. Nesse seguimento, a GNR tentou, por exemplo, conhecer o método escolhido por cada idoso para receber o pagamento da reforma, já que é nesta altura que podem surgir mais burlas.

Os “Censos Sénior” tiveram início a 25 de fevereiro e terminaram, no caso da Guarda, no final do mês passado. Na opinião de Cunha Rasteiro, esta é uma iniciativa que «deve ser prolongada no tempo, porque é preciso recolher mais dados». Além disso, o oficial de Relações Públicas do Comando Territorial da GNR guardense defende também «uma relação mais próxima entre os militares e as diversas juntas de freguesia, já que estas entidades conhecem os casos de maior isolamento». Nos próximos meses, os responsáveis deste programa vão tratar a informação já disponível «para se perceber por exemplo porque é que há mais idosos isolados em certos concelhos do que noutros», adiantou ainda Cunha Rasteiro.

Catarina Pinto

Mais de 380 idosos vivem isolados no
        distrito da Guarda

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