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Introdução de portagens nas SCUT é «roubo organizado»

Centenas de pessoas participaram na tarde de domingo numa manifestação na Covilhã

Centenas de pessoas protestaram na tarde de domingo na Praça do Município da Covilhã contra a introdução de portagens na A23 e A25. A manifestação convocada pela Comissão de Utentes Contra as Portagens na A25, A23 e A24 e o movimento “Empresários pela Subsistência do Interior” juntou ainda representantes da Câmara da Covilhã e da União de Sindicatos de Castelo Branco, numa iniciativa que teve o condão de unir na mesma luta membros afetos a diferentes cores partidárias.

O autarca local, que discursou durante mais tempo, defendeu que «este caso das portagens é bem o exemplo do incumprimento da palavra dada» e do «vale tudo para manter o poder, da tentativa de fazerem de nós parvos e da aldrabice em que está transformada a vida política portuguesa». Carlos Pinto acusou os governantes de mentirem e de serem «levianos quando entregaram a privados um negócio que é uma mina de ouro» e que, «mesmo que o Estado abra falência, têm contratos assinados que lhes garantem lucros formidáveis». Num tom bastante crítico, o edil covilhanense defendeu ainda que a introdução de portagens é «uma aldrabice política do Governo, uma falta de cumprimento da palavra do seu mais alto responsável» e também «uma manifestação de incompetência governativa, porque deixou chegar as finanças públicas à beira do abismo e à vergonha de andar de mão estendida todas as semanas a pedir empréstimos ou a pedir mais impostos e portagens».

Contudo, «também não merecem desculpa os que, não sendo Governo, não evitaram esta mentira e mentem eles próprios quando defendem o princípio do utilizador/pagador porque não são coerentes na aplicação deste princípio». Carlos Pinto classificou ainda de «patético» o facto de já estarem em montagem «dezenas de pórticos» sem que a legislação regulamentar necessária tivesse sido publicada. «Vieram os pórticos e a sua fatura, mas o normativo que suportaria essa montagem ainda não existe. Foi só um ligeiro esquecimento próprio de uma república das bananas», ironizou. O autarca denunciou também que o custo por quilómetro na A23 e A25 será «superior ao da auto-estrada Lisboa/Porto». Por seu turno, Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, defendeu que as portagens representam um «roubo organizado que nos tolhe o presente e aniquila o futuro», considerando que a manutenção das SCUT «não é uma regalia, nem uma benesse».

Também alguns dos manifestantes expressaram o seu descontentamento contra uma medida que vem agravar a situação económica e social da região. Maria da Cruz, por exemplo, desloca-se diariamente da Covilhã para Castelo Branco e utilizar a A23 «tornou-se um hábito e, principalmente, uma necessidade porque se já é difícil deslocarmo-nos neste interior, então com as portagens será uma dificuldade acrescida». De igual modo, Nuno Pais defendeu que «as portagens vão ser prejudiciais, não só a nível pessoal, como também a nível profissional», uma vez que trabalha numa empresa de distribuição de produtos alimentares que opera em «toda a região Centro» e está «solidário» com a «luta e reivindicação» da sua entidade patronal.

Ricardo Cordeiro Apesar dos constantes apelos, os manifestantes não encheram o Pelourinho

Introdução de portagens nas SCUT é «roubo
        organizado»

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