«A Câmara não tem 200 mil euros para requalificar o parque industrial e tem dois milhões para comprar o edifício da Escola Profissional?». A questão foi levantada pelos vereadores da oposição na autarquia da Guarda na reunião do executivo da passada segunda-feira. Na resposta, o presidente do município não confirmou os valores do negócio e garantiu que ainda não foi paga qualquer verba aos proprietários do “Bacalhau”, onde funciona a Escola Profissional da cidade.
Rui Quinaz requereu que lhe fosse facultada cópia do contrato-promessa «com os custos» do negócio e «a serem verdade» os números revelados por O INTERIOR na edição anterior, o investimento da Câmara é «da ordem dos dois milhões de euros, daí a nossa perplexidade». O vereador social-democrata garante que «não se coloca em causa a importância» da Escola, mas estranhou que a Câmara «não tenha dinheiro para as Juntas e para o parque industrial e tenha dois milhões para comprar uma escola profissional privada? São valores escandalosos. Esse é que é o problema», sustenta. De resto, indagou como é que a autarquia suporta um investimento desta dimensão quando se sabe das dificuldades financeiras porque passa». Por outro lado, a oposição tem «muitas dúvidas» sobre a “operação”, até porque «foi divulgado que o negócio estaria concretizado em fevereiro e a verdade é que não veio a esta reunião qualquer proposta de deliberação nesse sentido, de realização da escritura pública».
O vereador relembrou ainda que na última Assembleia Municipal foi feita uma recomendação, «aprovada por unanimidade», no sentido de que a compra do edifício da Escola Profissional fosse assegurada «não pela Câmara, mas pelo Governo e, portanto, o que competiria à Guarda e à Câmara seria reivindicar e exigir do Governo este investimento», sustentou. Na resposta às críticas da oposição, o autarca guardense frisou que «o processo aquisitivo ainda decorre» e não confirmou que a compra do imóvel tem um custo de 1,5 milhões de euros: «Os valores são normais de mercado e foram avaliados por pessoas que têm responsabilidades e competências nessas áreas», declarou. Questionado se o montante que vai ser disponibilizado para a aquisição do imóvel será oriundo da venda do Hotel Turismo, Joaquim Valente indicou que «essa verba já faz parte do orçamento da Câmara há dois anos», sendo um investimento «como outro qualquer. Só que este é na área da Educação, não é numa rua ou num jardim».
Já quanto às rendas, o autarca referiu que seriam «uma alternativa se não houvesse o processo aquisitivo. Portanto, nunca pagámos qualquer importância», garantiu. No que toca a obras, o edil admitiu que foi necessário fazer adaptações no edifício, «que rondarão os 200 mil euros, mas é preciso entender que é necessário dar condições para que se desenvolva o ensino e também condições de segurança». O autarca reiterou que se trata de um projeto «estratégico» para a Guarda e que há «cada vez mais alunos de outros distritos que até nem são confinantes com o distrito da Guarda que procuram a Escola Profissional», enalteceu. Sobre as afirmações de Joaquim Valente de que a Câmara ainda não terá feito qualquer pagamento, Rui Quinaz considera que «o dono não estaria a ceder o edifício estes anos todos por simpatia com a Câmara e alguma contrapartida deve ter havido».
Ricardo Cordeiro