P – Como surgiu a ideia de criar uma associação académica para reunir os antigos alunos do Colégio de S. José?
R – A maioria dos alunos do colégio ficou na região, mas há também muitos que estão nos Açores, na Madeira, em Macau e também nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. O Colégio de S. José é uma referência nacional. Havia um ensino de qualidade, ministrado por professores essencialmente oriundos do clero, mas também da sociedade civil. Passaram por ali pessoas muito importantes. Criaram-se laços de amizade e houve aquele tempo em que ninguém apareceu, ninguém fez nada. Depois, houve um colega que resolveu dar o pontapé de saída e começámos a fazer os encontros anuais e a ideia tem estado a resultar. Por isso, todos os anos desde 1995 fazemos um encontro dos antigos alunos, normalmente no dia 19 de março ou no sábado seguinte. No ano passado percebemos que havia uma certa necessidade de “continuar” o Colégio de S. José, apesar de agora estar com moldes diferentes e ser apenas um conservatório. E, por isso, queremos fazer uma associação académica abrangente e o próprio Bispo da Guarda deu essa confirmação de que o colégio poderia perpetuar-se desta maneira.
P – Como surgiu o nome da associação?
R – O Colégio de S. José sempre teve a alcunha do “Rocha”. Na altura, dizia-se sobre o primeiro edifício, que era de pedra, “está assente e firme como rocha”. A alcunha vem daí e até hoje cumprimentamos-nos sempre como os “rochinhas”. Toda a vida identificámos o colégio como “o Rocha” e assim ficou.
P – Quais são os principais objetivos a que esta associação se propõe?
R – Estamos na fase de implementação da associação através do registo do nome, para ficar legalmente constituída. De seguida queremos definir os estatutos e, em terceiro lugar, é extremamente importante que se façam eleições, entre os 90 e 180 dias, para se constituírem os órgãos associativos, como a assembleia geral e o conselho fiscal. O próximo passo é definir o objeto da nossa ação. Temos, por princípio, que manter o encontro anual dos antigos alunos, mas, além disso, queremos promover colóquios, conferências e dar um contributo em processos da sociedade civil.
P – Quais são as expectativas relativamente à adesão de antigos alunos?
R – Qualquer aluno que andou no Colégio de S. José tem de estar obviamente interessado. Há esse código entre nós de uma grande disponibilidade, amizade e harmonia que veio daquilo que nos foi ministrado. Acredito que as pessoas que residem na Guarda, no distrito, nas imediações, estarão naturalmente com alguma disponibilidade para pertencerem à associação. Já temos ideias para a constituição de uma lista e esperamos que os colegas estejam disponíveis para aparecer. Outro aspeto importante é que vamos encontrando pessoas pelo caminho que andaram no “Rocha” e que não conhecíamos. Estamos a divulgar a associação para que apareça mais gente e possamos descobrir pessoas que frequentaram o colégio.
P – Apesar do colégio já não funcionar nos mesmos moldes, a comissão fundadora está interessada em estabelecer um contacto com os atuais alunos do Conservatório?
R – Chegámos à conclusão que constituir uma associação de antigos alunos tinha uma carga um pouco negativa. E por isso quisemos uma associação académica, para dar lugar aos atuais estudantes. Como a sede ficará no próprio colégio, será obrigação da futura direção ligar-se aos alunos do Conservatório. É um desafio que fica, pois nós somos apenas a comissão instaladora. Mas claro que terão de os motivar a aderir a esta causa porque eles não sentem o colégio da mesma forma, nós ali demos os primeiros passos, os primeiros contactos, o aprender, a vivência. Estes alunos não terão isso, mas a nova direção deve cativá-los para darem seguimento a esta iniciativa, para que o colégio não fique por aqui.
P – Que recordações tem da vida de estudante no colégio?
R – Em termos pessoais, o que acho é que temos um elo de ligação entre todos nós que se chama Álvaro Quintalo, o cónego e diretor daquele colégio. Esse homem dedicou mais de 50 anos àquela causa, que era realmente uma causa nobre e penso que nunca lhe foi prestada a devida homenagem. Tenho a certeza que eu e todos os meus colegas somos homens de causas. Ele é uma das nossas maiores recordações. Estou a falar por mim, mas tenho a certeza que todos os meus colegas diriam o mesmo. Ele foi o nosso chefe espiritual e é a verdadeira causa que ainda hoje nos une.