A política portuguesa atingiu, nos seus poderes, a imagem de Jano, o deus das duas faces.
Desde logo, um primeiro-ministro, Sócrates, que intramuros é o prepotente que se conhece e sente, foi a Berlim respondendo ao chamamento do capataz Merkel para receber as instruções dos donos do poder e da nova ordem mundial.
Submissão total.
Os cobardes são assim, vingam-se da sua incompetência perante os mais fracos e, vergam e calam-se frente aos poderosos.
Da reunião, de lá, pode vir a chegada do FMI, ou ainda menos segurança no emprego, menos segurança social, menos segurança na saúde, menos escola pública, menos soberania ou talvez tudo.
Este é um recado que não pode ser dado em discursos públicos mas sim nos segredos privados. Aliás, dos segredos, vivem os partidos do poder.
Sócrates dita e quando vê os erros do ditado, atira as culpas das portagens na A23 e A25 ao “amigo” PSD.
Mas, afinal quem governa? Sócrates e o PS ou o PSD? Vergonhoso!
O Bloco de Esquerda propôs, na última Assembleia Municipal, uma moção para constituição de uma comissão parlamentar que, conjuntamente com empresários, sindicatos e todas as forças vivas que o desejassem, reuniria com todos os grupos parlamentares da Assembleia da República, no sentido de os sensibilizar à apresentação de um projeto de resolução que suspendesse a necessidade das portagens na A23 e na A25.
Só que já se passou uma semana e… Nada! Já foi pedida, com carácter de urgência uma reunião de líderes parlamentares e…Nada!
Deixar correr o marfim….. os guardenses, que mais do que nunca vivem longe do que precisam para sobreviver, já que aos poucos lhe vai sendo retirado o pouco que tinham, que percebam a figura de Jano.
Mas, os acordos “secretos” servem para alguma coisa… agora, ainda dentro dos segredos, dizem que “andam” a esquartejar o país, fazendo e desfazendo freguesias, tudo num grande segredo.
E por falar em freguesias, vergonhosa foi a atitude de submissão do presidente da Junta de Famalicão que negou tudo o que tinha dito numa reunião com o Bloco de Esquerda, relativamente ao encerramento da Casa da Cultura e às verbas orçamentadas, mas não cumpridas, por parte do executivo camarário.
Falta de cumprimento… Ilegalidades!
Mas, de ilegalidades se justificou uma proposta, apresentada pelo Bloco de Esquerda, de alteração do dia das reuniões da Assembleia Municipal para o sábado, possibilitando dessa forma que a população estivesse presente nas sessões, participando e, caso necessário fosse, dada a possibilidade, como está previsto no Regimento, de intervir. Por outro lado, num momento difícil do país, de grave crise social e financeira, evitar-se-ia igualmente muita ausência ao trabalho de muitos dos deputados, pelo menos dos que não se servem da política para se governarem ou darem governo.
Já de ilegalidades não se fala quando se apresenta mais um pedido de empréstimo, a curto prazo, logo para resolver problemas de tesouraria, no valor de 1.360.000 euros.
Não dizem a razão do pedido de empréstimo. Qual a razão?
Expliquem-se….
Será para pagarem as dívidas às Juntas de Freguesia? Fornecedores?
Falência TOTAL anunciada…para breve!
De falências não se podem queixar os censores… dos Censos 2011, entenda-se!
Segundo a legislação, as câmaras municipais, em colaboração com as juntas de freguesia, são os «responsáveis» pelo processo e pelo «recrutamento» dos censores.
Claro, tinha de ser…. gente da sua confiança!
Vai daí alguns presidentes de junta «entenderam» que para realizarem tal tarefa nada melhor que «contratar» os amigalhaços. Uns são filhos e filhas de presidentes. Noutros casos, os «amigos» do costume. A porca da política transformada em prostituta.
Assim, quer na Aldeia do Bispo, cuja filha do presidente é funcionária da câmara da Guarda, logo da confiança do presidente da Junta, até Vila Soeiro, passando pela Vela, Vale de Estrela, Fernão Joanes, todos os filhos comem dos tachos.
Pergunta-se: se o critério da escolha era a dita «confiança» qual a razão pela qual abriram inscrições para os cidadãos se candidatarem a censores?
Quem querem enganar com essa legislação?
HIPÓCRITAS e BACOCOS.
Só os filhos, filhas, maridos, mulheres é que são de confiança?
Os restantes cidadãos para que servem?
Para lhes darem os votos para os manterem na gamela.
Sim, porque, mais uma vez, os desempregados (e por isso com 100% de disponibilidade), os licenciados, os competentes, não tinham o perfil necessário, era importante ser da cor politica, amigo de confiança, para poder ser selecionado.
Seria da mais elementar justiça que os lugares fossem ocupados por desempregados, dado que milhares de guardenses sofrem hoje desse flagelo nacional.
Mas, a “confiança” bendita nos euros a tudo obriga.
Uma política feita de camuflagens que dissimulam objetivos menos confessáveis – a prostituição política.
Por: Jorge Noutel *
* Deputado na Assembleia Municipal da Guarda eleito pelo Bloco de Esquerda
