António Patrício, antigo diretor do Departamento de Obras Municipais (DOM) da Câmara, foi escolhido para um novo cargo na autarquia, o de diretor municipal, criado no âmbito da reorganização dos serviços. O nome não foi divulgado na última sessão da Assembleia Municipal (AM), em que a nova estrutura orgânica foi aprovada por maioria, com os votos contra dos deputados do PSD, CDS, BE e CDU, mas o engenheiro está a trabalhar para aquelas funções há uma semana.
Em Fevereiro de 2008, António Patrício assumiu o cargo de diretor-adjunto da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, sediada em Castelo Branco, no âmbito de uma comissão de serviço de três anos que cessou a seu pedido a 23 de fevereiro. Na altura, a mudança aconteceu quando o nome do engenheiro técnico, militante do PS, apareceu envolvido na polémica dos projetos de engenharia assinados pelo atual primeiro-ministro, na década de 1980. Neste regresso, António Patrício terá como funções a «superintendência e coordenação geral dos serviços», sendo a segunda figura mais importante na orgânica do município. «Esta estrutura é mais homogénea no que se refere a responsabilidades e permite mais eficácia no funcionamento dos vários departamentos», justificou Joaquim Valente na AM. Contudo, a oposição cedo contestou esta opção. Aires Diniz (CDU) duvidou da necessidade de um diretor municipal «quando existem quatro vereadores a tempo inteiro», enquanto Jorge Noutel (BE) considerou-o «um “testa de ferro”» que é «escolhido entre os amigos». Por sua vez, Helena Ravasco (PSD) quis saber quanto ganhará, mas o presidente não soube responder-lhe.
Esta sessão da AM ficou ainda marcada pelo adiamento da requalificação do parque industrial, numa opção que Aires Diniz disse ser demonstrativa do «ronceirismo da nossa administração autárquica». Já o social-democrata Pedro Nobre sublinhou que a autarquia «falhou na revitalização» daquele espaço, antes de pedir explicações a Joaquim Valente sobre o investimento da PT na Covilhã. O presidente respondeu a ambos, lembrando, primeiro, que 650 pessoas trabalham atualmente no parque industrial, um espaço com 25 anos que «precisa de uma cosmética e cá estaremos para fazer as obras necessárias, pois nunca dissemos que não iríamos fazê-las». Quanto à PT, voltou a insistir que a Câmara da Guarda não foi contactada pela empresa e que já escreveu a Zeinal Bava para saber o que se passou. De resto, alegou que «os postos de trabalho a criar na Covilhã [uma centena inicialmente] são um sexto dos que há no parque industrial».
Por sua vez, o presidente da Junta de Famalicão fez um balanço de ano e meio de atividade da Casa da Cultura – que fechou entretanto por falta de apoios da autarquia. «Nunca fizemos finca-pé em orçamentos exorbitantes para propostas megalómanas de plateia às moscas. Simplesmente, não nos foi dito com quanto podemos, efetivamente, contar. Aparentemente só podemos contar connosco», constatou, perguntando qual será a estratégia da Câmara para a dinamização daquele espaço. Joaquim Valente não o fez, dizendo apenas que a Casa da Cultura de Famalicão apenas «diminuiu momentaneamente de atividade». Sobre este assunto, a AM chumbou uma moção do BE, em que se defendia a concessão de mil euros por mês para a programação.
Destino diferente tiveram as moções da CDU, contra os cortes no transporte de doentes não urgentes, e de João Prata (PSD) para que o Governo apoie a construção de novas instalações da Ensiguarda – Escola Profissional da Guarda «num terreno disponibilizado pela autarquia». O social-democrata desafiou ainda Joaquim Valente a garantir que o apoio necessário conste no próximo Orçamento de Estado. Ambas foram aprovadas por maioria. Finalmente, a mesa da AM rejeitou uma moção do BE para que as sessões se realizem aos sábados por «colidir com o regimento em vigor» da AM.
Luis Martins