P – Quais as expectativas para mais uma edição da Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira?
R – As expectativas para esta oitava Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato são naturalmente positivas. Tivemos uma grande procura por parte dos expositores, daí termos o espaço todo lotado. Vamos ter quase 100 produtores na feira de diferentes setores de atividade, desde a queijaria, enchidos, doces regionais, pão, azeite, mel, vinho e também algum artesanato. Portanto, as expectativas são francamente positivas, não ignorando, porém, que este ano a situação de crise económica certamente fará retrair um pouco os consumidores. Mas esperamos, naturalmente, uma grande afluência, até porque este ano os dois fins de semana em que a feira decorre – como habitualmente o último fim de semana de fevereiro e o primeiro de março – coincidem com a véspera e com o Carnaval, o que naturalmente aumenta as expectativas.
P – Em termos de visitantes, tem algum número estimado que gostaria de atingir?
R – Calculamos receber entre 25 a 30 mil visitantes ao longo dos cinco dias da feira.
P – São esperados visitantes não só da região, mas também de outras zonas do país?
R – A Feira é visitada não só por pessoas da região, do distrito da Guarda e parte do distrito de Viseu, mas também por muita gente que nessa altura aqui se desloca, não digo propositadamente, mas é um período em que circula pela região muita gente a fazer a Rota das Amendoeiras em Flor. Naturalmente que este ano, também coincidindo com a altura do Carnaval, haverá muita gente que se desloca à Serra da Estrela e à neve e que poderá aproveitar para visitar a Feira do Fumeiro do Nordeste da Beira, que já tem algum nome e alguma imagem junto do público consumidor.
P – Já falou na crise. É um espectro real que poderá afetar o sucesso da iniciativa?
R – Diria que a situação de crise económica é real. As pessoas têm menos rendimento disponível não só porque aumentou a carga fiscal, mas também porque há cortes na função pública e, neste contexto, há de facto algum receio sobre o futuro e as pessoas tendem a não consumirem tanto e a pouparem mais. Seguramente que isso está hoje presente em qualquer comerciante que tenha alguma atividade comercial, de que os tempos não são de esperar expectativas excessivas em relação ao poder de compra das pessoas.
P – A aposta na qualidade dos produtos pode ser uma boa estratégia para continuar a captar compradores?
R – Claramente que sim e é por isso mesmo que esta feira tem tido o sucesso que tem registado. Os produtos que aqui se expõem têm bastante qualidade de uma forma geral. Temos muitos pequenos produtores de queijarias e salsicharias artesanais com produtos de grande qualidade que são um motivo para fazer deslocar as pessoas.
P- Quais as novidades desta edição?
R – Não há nenhuma alteração em relação ao figurino das feiras anteriores. O espaço vai ser organizado de forma muito semelhante ao que ocorreu na última edição e as novidades têm sempre a ver com a própria iniciativa dos empresários e dos expositores que aqui acorrem.
P – A aposta dos dois fins de semana manteve-se. Foi um prolongamento que deu resultado?
R – Este é já o terceiro ano que fazemos esta aposta e no final da edição deste ano, em diálogo com os participantes, iremos fazer o ponto da situação e avaliar a pertinência ou não de mantermos este modelo com dois fins de semana. Quando decidimos avançar para este figurino há três anos, pensámos algum tempo a ver se valeria a pena ou não. Depois desta terceira edição, consideramos que é o momento ideal para aquilatar da oportunidade deste figurino com os dois fins de semana.
P – Mas que balanço é que se pode fazer desse modelo durante as duas últimas edições?
R – O primeiro ano foi muito bom, ao contrário do segundo, porque a feira no ano passado só decorreu praticamente durante um fim de semana devido a um forte nevão, que levou a que não tivesse praticamente ninguém no primeiro dia e só no domingo é que as coisas começaram a melhorar. Houve essa situação anormal que levou a que, no seu conjunto, os dois fins de semana tivessem registado valores diferentes daqueles que se tinham verificado na primeira edição. Portanto, este será o ano em que se poderá fazer esse balanço final.
P – As condições atmosféricas são então importantes para o sucesso do certame?
R – Sim, o bom tempo é sempre uma ajuda. Já há previsões de que no primeiro fim de semana estará bom tempo, seco, embora frio e isso é extremamente positivo para esta iniciativa.
P – Qual a importância desta Feira no contexto regional?
R – Esta Feira é importante para a região no seu conjunto, dado que temos aqui expositores que vão desde o Vale do Douro até à Serra da Estrela. É este território que nós aqui procuramos representar e o setor agroalimentar é muito importante na economia do nosso concelho e um pouco por toda a região. Este setor é importante para nós, nomeadamente a produção de enchidos e fumados, porque o concelho de Trancoso deve produzir nas unidades instaladas artesanais e nas duas industriais cerca de 1.200 toneladas de enchidos e fumados por ano. É um setor muito importante na economia da região pela sua dinâmica, pela riqueza que cria e pelos postos de trabalho que cria.
P – Quantas queijarias e salsicharias existem atualmente no concelho de Trancoso?
R – Temos neste momento a funcionar no concelho de Trancoso 16 queijarias artesanais, a esmagadora maioria delas localizadas em território da Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela. Temos também seis salsicharias artesanais em laboração e duas unidades industriais de lacticínios, uma em Trancoso e outra em Vila Franca das Naves. Em Trancoso laborando fundamentalmente com leite de vaca e a de Vila Franca das Naves apenas com leite de ovelha, além disso temos também duas salsicharias já com uma dimensão industrial. De destacar que as duas unidades industriais de salsicharia foram unidades artesanais há 20/30 anos e que foram evoluindo nestes anos. Fundamentalmente, a Casa da Prisca tem hoje já uma dimensão razoável, empregando cerca de 50 pessoas, o que é extremamente importante e tem neste momento produtos de grande qualidade e grande reconhecimento público. Por exemplo, a revista Proteste deste mês considerou o doce de morango da Casa da Prisca o melhor do teste. Também muito recentemente, a mesma empresa recebeu o “Master” da distribuição na categoria de charcutaria em 2010 pela revista “Distribuição Hoje”. Também noutro certame realizado em Bruxelas, o doce de abóbora da Casa da Prisca recebeu um prémio de três estrelas. Portanto, os produtos que se encontram à venda em todo o território nacional nas grandes cadeias de distribuição, e não só, são de grande qualidade como se verifica pelo reconhecimento e pelos prémios que tem vindo a receber muito recentemente.
P – Esta feira realiza-se desde 2004. É um evento que já está consolidado a nível regional e nacional?
R – Para nós é um evento claramente consolidado. Pretendemos dar a esta feira uma notoriedade claramente nacional. Esse tem sido sempre o nosso objetivo, dar-lhe uma notoriedade a nível nacional, tal como aliás sucede com outras feiras do Fumeiro, nomeadamente no Nordeste Transmontano, como são os casos de Montalegre ou de Vinhais.
P – Qual é o investimento global da feira?
R – O orçamento desta edição da feira de 2011 é de 35 mil euros, que tem muito a ver não só com a montagem da própria estrutura do certame, mas também com a promoção e publicidade que é feita na divulgação do evento.
P – Para além dos produtos para vender, também vai haver a tradicional animação?
R – Vamos ter sempre ao longo de todos os dias da feira animação com folclore e música regional de grupos da região que farão a animação do espaço. Simultaneamente à realização da Feira do Fumeiro e dos Sabores, decorrerá também em Trancoso o Festival Gastronómico, que conta este ano com a participação de 10 restaurantes locais. Estão devidamente identificados com ementas condizentes com este período da Feira do Fumeiro e esta é uma forma de envolver também o comércio local numa altura em que muita gente visita Trancoso e em que lhes podemos oferecer o que de melhor temos em termos gastronómicos.
P- Quais os produtos em concreto que vão estar representados na feira deste ano?
R – Na Feira vamos ter produtores de queijo artesanal, pão e doces regionais, fumaria, queijarias industriais, claramente sinalizadas, vinhos, azeites, mel e produtores de artesanato.
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Secretário de Estado da Proteção Civil inaugura Feira do Fumeiro
O Secretário de Estado da Proteção Civil, Vasco Franco, inaugura amanhã a VIII Feira do fumeiro, dos sabores e do artesanato do Nordeste da Beira, uma realização da AENEBEIRA- Associação Empresarial do Nordeste da Beira, com apoio do Município de Trancoso, TRANCOSO EVENTOS – Entidade Empresarial Municipal EEM e RAIA HISTÓRICA- Associação de Desenvolvimento (sedeada em Trancoso).
A VIII Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira constitui já uma das principais referências no campo das manifestações de caráter sócio-económico da região e sobretudo uma marca de que Trancoso se orgulha de possuir. O Pavilhão Multiusos de Trancoso recebe assim, nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro, 5 e 6 de março este certame que visa a promoção dos produtos alimentares da região, mas também o artesanato, o folclore e a gastronomia. Vão estar presentes produtores licenciados da região nas áreas do fumeiros, queijo, vinhos, azeites, pão e doces regionais. Mercê de uma posição estratégica de inegável e reconhecido valor, Trancoso é desde há séculos terra de grande dinamismo económico, onde o comércio, turismo e serviços constituem os principais pilares do crescimento económico e social.