Por Aureliano Valente*
Quando por aí proliferam profecias que anunciam o fim dos tempos como uma era de cataclismos, de guerras e fenómenos bizarros, existem doutrinas cristãs que acreditam numa era messiânica como um tempo de paz e prosperidade, um tempo em que “Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova do basilisco.”(Isaías 11: 6-9)
As palavras do profeta parecem hoje mais reais do que nunca, mercê deste emaranhado de redes sociais em que vivemos enleados. Quando abrimos o nosso Facebook logo nos deparamos com uma multidão de criaturas com ofertas de autêntica amizade, gente boa e generosa a jurar amor eterno, com promessas irrecusáveis de carreiras de sucesso, de negócios afortunados, de vidas fáceis e fabulosas. Como é bom sentir esta presença constante dos amigos verdadeiros, de sabermos o que pensam, do que gostam ou o que fazem. Mas mais fascinante ainda é a solícita aproximação dos amigos dos amigos, de pessoas conhecidas, de alguns desconhecidos, heróis do cinema, artistas da TV, os ídolos do futebol e até políticos de renome. Como são nobres as suas intenções e as suas poses sedutoras! Como pode alguém julgar que este é um dos maiores espaços de violação da privacidade? Ou um espaço preferido dos mestres da sedução? Ou terreno privilegiado dos advogados do divórcio? É provável que assim seja; até porque, sinceramente, já não sei se gosto disto!
* Professor