Defendo que se deve proibir a construção de coisas novas. Defendo que mais nenhuma terra deva virar cimento. Durante cinco anos só se restaura, requalifica e reutiliza e nessa onda, com auditorias sérias, revê-se a política das rendas, oferecem-se mecanismos para restaurar e criam-se contrapartidas entre a posse, a dívida e a cobrança. O dono será menos dono se pedir ajudas ou criar sociedades, o credor será mais ressarcido com melhoria dos valores das rendas, e compensado dos investimentos (a recuperação do investido tem de estar no horizonte do legislador e ser clara para quem disponibiliza o dinheiro). O arrendatário será requalificado de modo mais justo. Defendo que a terra não pode ser convertida em cimento mais vezes. Os ícones das Câmaras devem acabar, haverá uma geração de autarcas que sairá sem obras, sem estradas novas, sem mais piscinas, bibliotecas vazias, museus de ninguém, Teatros ultramodernos carregados de dívidas e estádios de futebol penhorados. Não haverá obra na Madeira, nem no Continente, Não haverá construção nova. Cinco anos de restauro do centro histórico das cidades, de reorganização da posse das zonas ribeirinhas, requalificação de imóveis, definição de quotas de crescimento, de planos directores verificados e respeitados, de correcção das quotas de altura e da qualidade da habitação. “Casartez” é um projecto habitacional que envolve saúde (nos materiais, na ventilação, na qualidade dos isolamentos sonoros e do ar) que envolve Nacionalismo (com definição de escolhas preferenciais naquilo que nós produzimos, que é nosso recurso) que envolve beleza (padronizando dimensões de conforto – nunca mais quartos de 9 metros) que envolve plasticidade (multifuncionalidade, utilização de mecanismos cénicos explorando o espaço confortável no seu máximo)e que envolve velocidade (criar modelos torna tudo mais barato e mais rápido). Este foi um projecto que sonhei e alguns bancos recusaram. Mas insisto na ideia e insisto no conceito. Restaurar de modo mais igual, de modo mais padronizado, de forma mais barata com recursos que temos, isso trazia uma mobilização dos jovens para a recuperação dos centros históricos, para a reorganização dos lugares das velhas fábricas e a recuperação das cidades num novo padrão. Apartamentos funcionais, e casario bem projectado e urbanizado. “Casartez” vem de “casa” de “arte” e de “arzt” /médico, de “casar”/partilhar vida e é um nome para este conceito em que acredito cada dia mais.
Por: Diogo Cabrita