João Prata está descontente com a solução encontrada pela Câmara da Guarda para despoluir o rio Noéme. O presidente da Junta de Freguesia de São Miguel contesta a possível descarga de águas residuais de uma fábrica têxtil para a ETAR localizada naquela freguesia, que, segundo o autarca, «não está preparada para receber aquele tipo de efluentes».
A opção tomada «não é solução e é uma afronta à população de São Miguel e uma afronta a quem já sofreu durante mais de 10 anos com o mau funcionamento daquela ETAR», acusa o autarca, que assegura: «Tudo faremos para que isso não seja possível. Iremos às mais altas instâncias para evitar que aconteça», promete. Em causa está a descarga de resíduos da uma fábrica têxtil instalada na Gata (freguesia de Casal de Cinza) para o rio Noéme, poluindo aquele curso de água há cerca de quatro anos, o que levou a que o presidente da Junta de Freguesia vizinha do Rochoso denunciasse a situação à Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARHN). Depois de requerer a colaboração do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, aquela entidade esclareceu em comunicado, datado de 7 de Dezembro, que a Câmara da Guarda estaria a «diligenciar no sentido de conduzir as águas residuais em questão para a ETAR de S. Miguel, esperando para tal um financiamento através de uma candidatura, para a construção de uma estação elevatória e emissário de águas residuais».
Para João Prata, «a despoluição do Noéme não pode ser feita por via da utilização da ETAR de São Miguel, mas através da ETAR da PLIE [Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial], que está construída e mas não está em funcionamento. Tratando-se de uma unidade fabril, é a ETAR de PLIE que estará preparada para receber efluentes de unidades industriais», defende. Por outro lado, o autarca justifica a posição porque «não faz sentido nenhum estar a drenar para montante, quando a jusante se encontra a ETAR da PLIE, mais direccionada e vocacionada para este tipo de efluentes». Recordando as «profundas obras de remodelação» efectuadas na ETAR de São Miguel, «que ultrapassaram os gravíssimos problemas que tinha, nomeadamente os cheiros que deitava e as águas muito poluídas do rio Diz», o presidente da Junta de São Miguel teme agora «que a vinda dos efluentes da referida fábrica possa vir a danificar todo o funcionamento da ETAR de São Miguel e colocar novamente em perigo o bom trabalho que já foi feito até agora».
Defendendo que se trata de uma solução «mais barata e sem prejudicar o ambiente ou andar com mais obras», João Prata é peremptório: «Se houve dinheiro para fazer a PLIE e a respectiva ETAR e se ali se começam a instalar empresas, essa ETAR tem que ser posta a funcionar», sublinha. Contactado por O INTERIOR, o vereador da Câmara da Guarda Vítor Santos remeteu explicações para mais tarde, por não se encontrar na cidade.
Rafael Mangana