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Coficab desmente deslocalização

Responsável admite que aumento de 25 por cento da electricidade poderá obrigar à transferência de alguns produtos para outras fábricas

A Coficab desmente que tencione sair da Guarda, mas confirma que a única fábrica de produção de fio e cabos que o grupo tunisino tem em Portugal vai perder competitividade devido ao «aumento absurdo» da energia eléctrica, que implicará mais 25 por cento na factura.

Nos últimos dias, a notícia de uma possível deslocalização desta unidade que emprega cerca de 200 trabalhadores tem alarmado uma cidade que ainda não se recompôs do fecho da Delphi, que deixou mais 318 pessoas sem emprego. Contudo, João Cardoso, director de operações da Coficab, é peremptório ao afirmar que essa hipótese «nunca foi colocada» pela administração da multinacional, que tem fábricas no Norte de África e na Europa de Leste. O problema é o impacto do «aumento astronómico» da factura de electricidade que a empresa terá que pagar este ano e que poderá ter consequências nalgumas encomendas que saem actualmente da fábrica de Vale de Estrela. «Haverá produtos seriamente afectados nas suas margens e alguns deles terão que ser transferidos para outras unidades do grupo, sobretudo na Europa do Leste, sob pena de serem perdidos para a concorrência», justifica o responsável.

João Cardoso acrescenta que, se essa opção vier a ser tomada, isso poderá implicar «uma eventual redução no número de postos de trabalho». Quanto ao custo da electricidade, o director afirma que «já não se trata de aumentos de 15 por cento, como foi veiculado pela comunicação social, mas sim de 25 por cento». E interroga-se: «Será esta a estratégia que o Governo tem para aumentar a competitividade das empresas e, consequentemente, as exportações?». A Coficab está na Guarda desde 1993, sendo mesmo considerada «“a jóia da coroa”» pelos proprietários do grupo. É aqui que se realizam todos os trabalhos de R&D [research and developpment] da multinacional e onde se produzem os produtos mais complexos e são testadas as novas tecnologias e metodologias de produção. «A prova disso mesmo é o constante investimento em pessoas e meios que se tem feito em Portugal, com todo o apoio dos accionistas», recorda João Cardoso, sublinhando que um investimento de seis milhões de euros para desenvolvimento de produtos para a nova geração de automóveis não está sequer posto em causa. «Grande parte deste montante já está aplicado e o investimento será realizado na sua totalidade», garante o director.

Entretanto, o presidente da Câmara da Guarda disse que pretende reunir com os responsáveis da Coficab para fazer um ponto da situação. Até lá, Joaquim Valente avisa que o Governo tem que ser «mais solidário» com o interior para evitar a fuga de empresas e de habitantes. «Temos reivindicado que estas zonas mais vulneráveis deviam ser apoiadas em termos da factura energética que empresas e pessoas pagam. A Assembleia Municipal até já aprovou uma moção nesse sentido, pois a electricidade, a água, o gás e o tratamento dos efluentes são mais caros no interior do que nas grandes cidades. O que não está bem», declarou no final da última reunião do executivo. Para o autarca, «tem que haver uma solidariedade nacional, porque esta região precisa que haja estímulos à fixação de investidores e de pessoas. Caso contrário, é a debandada e o despovoamento acentuado e isto não deve acontecer num país solidário».

Empresa está na Guarda desde 1993 e promete ficar apesar dos custos energéticos

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