Dentro de mim a tempestade,
A inoportunidade da voz,
A força da língua a beliscar os dentes
E as toleimas,
As críticas,
As seringas a injectarem intenções
E névoas e medicamentos ardentes.
Dói-te o cu?
Ainda bem!
Foi assim que te desejei.
Dói-te a cara? Melhor ainda!
Que assim te quis.
Trás-trás são bofetadas aos cachos,
São azedumes aos cardumes,
Finada a memória das vezes
Que me exploraste e me destrataste.
Dou-te com a verve e com a pena
E dou-te com tudo o que posso
Carregado desta força que rompe a celeuma.
O bem-fazer, o bem-querer,
Que não me serviu para nada.
Ora zás e prás e trás e raio que te parte
De cansado que vou de servir quem não merece.
Afinal um homem tem direito
De ser comandado por gente melhor,
Mais capaz,
Mais séria,
Ao menos honesta.
Dói-te muito?
Ora aí está
Hemorróidas salientes,
Verrugas pendentes,
Carnes a dar comichão.
Assim te vi
Nos meus sonhos mais violentos.
Fartei de servir naquela manhã
Quando nada estava bem,
Nada te agradava,
Nada te chegava.
Fartei-me e agora digo tudo.
Toleimas? – sim
Verdades? – quase sempre
Rancores? – descontrolados
A liberdade saiu de mim aos empurrões
E por isso vem aos gritos e destemperada.
A liberdade vem sem tréguas
e neste momento não tem regras.
Por: Diogo Cabrita