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Glória Aleluia

Observatório de Ornitorrincos

E pronto, são campeões. Apesar de ser muito adepto do Sporting, devo reconhecer que o título atribuído no domingo passado foi merecido. Dou os meus parabéns a quem o ganhou e aos adeptos que celebraram. É isso que o desporto tem de belo. A luta pela vitória. A celebração dos vencedores. O fair-play dos vencidos. A exultação por um troféu há muito ansiado. Também eu fiquei de ouvidos colados à rádio para acompanhar os últimos minutos. Mesmo não sendo um triunfo do meu clube, emocionei-me com o momento. O resultado alcançado com sacrifício e mérito não deixa dúvidas sobre a melhor equipa: o Barcelona é campeão europeu de clubes em basquetebol, depois de ganhar o Olympiakos na final da Euroliga por 86 – 68. É com a maior sinceridade que dou os meus parabéns aos campeões europeus de basquetebol.

Obviamente, também estive atento ao que se passou em Portugal. Por isso, quero aproveitar para saudar os novos campeões portugueses de uma outra modalidade. Parabéns, Sporting de Espinho, pelo título português de voleibol.

O leitor mais ansioso estará a perguntar se não haverá neste texto nenhuma referência aos mais recentes campeões nacionais de futebol. Claro que sim. Parabéns, Chelsea. Parabéns, Bayern. Parabéns, Olympique de Marselha.

Como o leitor mais desconfiado já deve ter dado conta, tenho estado a ignorar propositadamente o acontecimento que trouxe para a rua milhares de portugueses, maioritariamente simpatizantes da agremiação, segundo as sondagens. Embora eu não tenha nenhum tipo de reverência espiritual pelas figuras ilustres que ali exercem o seu mester, aqueles que por todo o país celebraram a sua alegria pelo acontecimento – e até pelo carácter excepcional da ocorrência – merecem, tal como os catalães ou os espinhenses, o maior respeito e simpatia. Falo, logicamente, da euforia em torno da visita a Portugal do Papa Bento XVI, o Sumo Pontífice da Igreja Católica (SPIC). Os crentes querem estar próximos do seu líder para o ouvir falar (speak).

Esta homofonia SPIC / speak – não confundir com homofobia, que é ter medo de palavras iguais – mostra que as religiões organizadas não deixam nada ao acaso. Se um líder espiritual fosse designado, por exemplo, por Honestíssimo Intelectual da Esquerda Renascida (HIER), seria um senhor de camisa Lacoste, que estudara Antropologia na Sorbonne e viajaria por todo o mundo para ouvir os fiéis (hear). Mas deixemos, por agora, a ficção científica.

A multidão exultou com a presença do seu pastor e nós, os não crentes, sonhamos com o dia em que possamos celebrar também o nosso júbilo com esse sentimento de partilha e comunhão das nossas convicções. E se não puder ser já em 2011, que sejam então os adeptos do Sporting de Braga.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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