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«Acredito que estamos mais fortes do que na época anterior»

Cara a Cara – Entrevista: José Luís Mendes

P – Qual é o objectivo da AD Fundão, depois de ter sido sétimaa na época anterior, a sua melhor classificação de sempre na Iª Divisão?

R – O objectivo passa por ficarmos nos oito primeiros lugares, os que dão acesso ao “play-off” e à manutenção automática na Iª Divisão. Se for possível, gostaríamos de melhorar a classificação obtida na fase regular da época passada.

P – O plantel sofreu esta época várias mexidas. Na sua opinião, é melhor que o anterior grupo?

R – Não pretendíamos que isso acontecesse, pois estávamos interessados na continuidade de alguns dos jogadores que saíram, mas, por um ou outro motivo, isso não se verificou. É uma situação à qual já estamos habituados. Implica que haja uma adaptação dos novos jogadores à cidade e ao modelo de jogo, o que, em termos práticos, se reflecte num ligeiro atraso na assimilação dos processos de jogo que preconizamos para esta altura da época. No entanto, acredito que, com paciência e rigor no trabalho, possamos construir uma equipa à altura da AD Fundão. Respondendo concretamente à questão, este grupo de jogadores é mais homogéneo que o anterior, mas ainda não conseguimos chegar aos patamares exibicionais da época passada, o que é perfeitamente normal no início do campeonato. No entanto, acredito que estamos no bom caminho e mais fortes do que na época anterior.

P – Após quatro anos no escalão maior, o clube já começa a ser encarado de outra forma pelos adversários?

R – Essa é uma questão que tem que ser feita aos nossos adversários. Do que neste momento tenho a certeza é que a AD Fundão conseguiu atingir um estatuto de Iª Divisão, onde espero que se mantenha por muitos anos.

P – É possível, a curto prazo, pensar no título?

R – Não. Neste momento é impossível. Há equipas profissionais com orçamentos em nada comparáveis ao nosso e com uma organização completamente diferente.

P – O que é preciso para que isso possa acontecer?

R – Passarmos a ser uma equipa profissional.

P – Na época passada, a AD Fundão goleou a Fundação Jorge Antunes por 5-1 no primeiro jogo do “play-off”, perdeu o segundo por 6-4, mas acabou eliminado na “negra”. Acha que as regras do “play-off” deviam ser revistas, de modo a que diferença de golos passasse a contar?

R – Todas as regras têm os seus prós e contras. Penso que assim estão bem. Claro que no ano passado dava jeito que a diferença de golos contasse e aí para nós foi um contra. Mas repare-se neste exemplo: num primeiro jogo do “play-off” o resultado final foi 9-0, a eliminatória estava praticamente decidida e qual é a motivação da equipa que foi goleada para o segundo jogo? Com as regras em vigor, a equipa que perdeu a primeira partida tem mais probabilidades de discutir a eliminatória e penso que assim o espectáculo está mais privilegiado. Mas é claro que aceito outras opiniões e, se as regras mudarem, resta aos treinadores adaptarem-se a elas.

P – Sendo o Fundão uma cidade do interior, é mais difícil conseguir atrair atletas e apoios?

R – Esse é um facto inegável. Tentamos sempre atrair jovens portugueses com qualidade para o nosso plantel, mas tem sido impossível, pois preferem ficar perto dos grandes centros e isso leva a que tenhamos que recorrer com frequência ao mercado brasileiro. Em relação aos apoios, os grandes “sponsors” preferem os clubes denominados grandes porque têm maior retorno e outra visibilidade. Temos alguns parceiros, aos quais desde já agradeço, mas também devido à conjectura económica tem sido bastante difícil angariar novos patrocinadores. Temos que ir vivendo com aquilo que temos sem entrar em loucuras.

José Luís Mendes

«Acredito que estamos mais fortes do que na
        época anterior»

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