P – Qual é o objectivo da AD Fundão, depois de ter sido sétimaa na época anterior, a sua melhor classificação de sempre na Iª Divisão?
R – O objectivo passa por ficarmos nos oito primeiros lugares, os que dão acesso ao “play-off” e à manutenção automática na Iª Divisão. Se for possível, gostaríamos de melhorar a classificação obtida na fase regular da época passada.
P – O plantel sofreu esta época várias mexidas. Na sua opinião, é melhor que o anterior grupo?
R – Não pretendíamos que isso acontecesse, pois estávamos interessados na continuidade de alguns dos jogadores que saíram, mas, por um ou outro motivo, isso não se verificou. É uma situação à qual já estamos habituados. Implica que haja uma adaptação dos novos jogadores à cidade e ao modelo de jogo, o que, em termos práticos, se reflecte num ligeiro atraso na assimilação dos processos de jogo que preconizamos para esta altura da época. No entanto, acredito que, com paciência e rigor no trabalho, possamos construir uma equipa à altura da AD Fundão. Respondendo concretamente à questão, este grupo de jogadores é mais homogéneo que o anterior, mas ainda não conseguimos chegar aos patamares exibicionais da época passada, o que é perfeitamente normal no início do campeonato. No entanto, acredito que estamos no bom caminho e mais fortes do que na época anterior.
P – Após quatro anos no escalão maior, o clube já começa a ser encarado de outra forma pelos adversários?
R – Essa é uma questão que tem que ser feita aos nossos adversários. Do que neste momento tenho a certeza é que a AD Fundão conseguiu atingir um estatuto de Iª Divisão, onde espero que se mantenha por muitos anos.
P – É possível, a curto prazo, pensar no título?
R – Não. Neste momento é impossível. Há equipas profissionais com orçamentos em nada comparáveis ao nosso e com uma organização completamente diferente.
P – O que é preciso para que isso possa acontecer?
R – Passarmos a ser uma equipa profissional.
P – Na época passada, a AD Fundão goleou a Fundação Jorge Antunes por 5-1 no primeiro jogo do “play-off”, perdeu o segundo por 6-4, mas acabou eliminado na “negra”. Acha que as regras do “play-off” deviam ser revistas, de modo a que diferença de golos passasse a contar?
R – Todas as regras têm os seus prós e contras. Penso que assim estão bem. Claro que no ano passado dava jeito que a diferença de golos contasse e aí para nós foi um contra. Mas repare-se neste exemplo: num primeiro jogo do “play-off” o resultado final foi 9-0, a eliminatória estava praticamente decidida e qual é a motivação da equipa que foi goleada para o segundo jogo? Com as regras em vigor, a equipa que perdeu a primeira partida tem mais probabilidades de discutir a eliminatória e penso que assim o espectáculo está mais privilegiado. Mas é claro que aceito outras opiniões e, se as regras mudarem, resta aos treinadores adaptarem-se a elas.
P – Sendo o Fundão uma cidade do interior, é mais difícil conseguir atrair atletas e apoios?
R – Esse é um facto inegável. Tentamos sempre atrair jovens portugueses com qualidade para o nosso plantel, mas tem sido impossível, pois preferem ficar perto dos grandes centros e isso leva a que tenhamos que recorrer com frequência ao mercado brasileiro. Em relação aos apoios, os grandes “sponsors” preferem os clubes denominados grandes porque têm maior retorno e outra visibilidade. Temos alguns parceiros, aos quais desde já agradeço, mas também devido à conjectura económica tem sido bastante difícil angariar novos patrocinadores. Temos que ir vivendo com aquilo que temos sem entrar em loucuras.