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Credores da Beiralã adiam apreciação do plano de insolvência

Texwool interessada na fábrica, mas a proposta não agradou e vai ser «melhorada»

A assembleia de credores da Beiralã deliberou, na última segunda-feira, não votar o plano de insolvência apresentado no Tribunal de Seia, que prevê a viabilização da unidade fabril por parte de uma empresa da região, a Texwool Lanifícios. A proposta apontava para o pagamento de apenas 15 por cento da dívida à grande maioria dos credores e não incluia as indemnizações aos trabalhadores. O plano não agradou à maioria dos presentes, que preferiram não a apreciar, tendo agora o administrador judicial 30 dias para elaborar uma nova proposta.

Ao contrário do que havia sido adiantado a O INTERIOR na semana passada pelo coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), o plano não assenta na continuidade da exploração por parte da administração de Rui Cardoso, mas na viabilização proposta por aquela empresa localizada no Parque Industrial do Canhoso, na Covilhã. «Acaba por ser a mesma coisa, porque a Texwool é dos filhos de Rui Cardoso», considera o sindicalista Carlos João acerca desta firma criada em Janeiro de 2004. «O que a Texwool propôs foi assumir as responsabilidades da Beiralã, com o pagamento de 15 por cento a credores comuns e entes públicos e agora vamos ver até que ponto é possível ver melhorada esta proposta», acrescenta o administrador judicial. Relativamente aos trabalhadores, António Correia precisa que o documento contemplava salários em atraso, férias, subsídios e respectivos proporcionais, a liquidar na totalidade e em 12 meses, sendo que as indemnizações por antiguidade ficaram de fora.

No caso dos restantes credores, o plano apontava para a liquidação de 24 prestações mensais às entidades públicas e um total de 10 anos aos comuns. Segundo António Correia, as condições de pagamento surgiam iguais para os ex-trabalhadores e para os cerca de 90 activos que actualmente garantem a laboração da têxtil senense. Os 120 que foram despedidos em Abril, que tinham suspendido os seus contratos desde Setembro do ano passado, «vão recorrer ao Fundo de Garantia Social», refere. No entanto, o administrador judicial diz compreender a situação de funcionários antigos, alguns com 40 anos de casa, pelo que assegura que vai «avaliar da abertura» da Texwool para esta questão. No total, a Beiralã deve cerca de 12 milhões de euros, com os trabalhadores, o IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento e a Segurança Social a assumirem-se como os maiores credores, com valores que variam entre os dois e os três milhões de euros.

Contudo, Carlos João diz-se «descontente» com a proposta e assegura que «os trabalhadores não vão perdoar nem um euro» neste processo. «Se o próximo plano for igual a este ou parecido, não o vamos aprovar», avisa o sindicalista, alegando que «tem que ser tudo pago». Até lá, o administrador judicial adianta que vai reunir com a Segurança Social e o IAPMEI com o «objectivo de se chegar a um consenso» acerca dos valores a apresentar no próximo documento. «Só o IAPMEI e a Segurança Social detêm, juntos, 40 por cento dos créditos», constata António Correia, para quem «resta agora aguardarmos para ver o que vai acontecer e se a Texwool pode ou não melhorar o plano». A Beiralã foi declarada insolvente a 1 de Abril, na sequência de um pedido de um dos credores, a empresa francesa Chargeurs Wools, remetido em Dezembro do ano passado. Os problemas da empresa acentuaram-se em Setembro, quando Rui Cardoso anunciou não ter condições para garantir os salários a todos os funcionários, tendo mesmo chegado a encerrar as portas por altura do Natal.

Sindicato quer indemnizações incluídas e diz não abdicar de «nem um euro»

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