Podemos dizer que ao longo da história, a violência doméstica foi um tema pouco debatido e considerado mesmo um Tabu. O provérbio popular “entre marido e mulher, ninguém mete a colher”, expressa bem uma realidade em que tudo aquilo que se passa entre quatro paredes não deve ser questionado ou objecto de intromissões.
Mas afinal, o que é a violência doméstica?
O conceito de violência doméstica tem sido definido como o tipo de coacção que ocorre entre membros de uma família, ou entre pessoas que partilham o mesmo espaço de habitação, tendo sido alargado a ex-conjugues, ex-companheiros e a pares afectivos. Este tipo de violência é, portanto, um acto em que uma pessoa controla a outra através da violência física, psicológica e sexual.
Partindo desta definição algo abrangente, podemos concluir que as vítimas podem ser homens, mulheres, crianças e idosos. No entanto, esta é sobretudo exercida pelo sexo masculino.
José Saramago na obra “Memorial do Convento”, num diálogo entre D. Maria Ana e seu cunhado D. Francisco, que ambicionava o poder real, afirma: “maus são todos os homens, a diferença só está na maneira de o serem”. Se o sexo masculino fica pouco favorecido nestas palavras, perdoem-nos mas estas são ditas por um prémio Nobel! E prémio Nobel, é prémio Nobel…
Mas retomando a seriedade que o assunto exige, podemos dizer que a violência doméstica tem três fases distintas: a fase da acalmia, a fase de pressão – acumular de tensões e emoções de raiva e ódio, e a fase de explosão – actos violentos.
Onde ocorre a violência doméstica? O assunto não é linear, no entanto, podemos dizer que estas situações têm maior incidência em famílias problemáticas, onde o consumo excessivo de álcool ou drogas é uma constante. Outro factor a ter em conta é o baixo índice cultural, apresentado pelas vítimas associado à baixa auto-estima e dependência económica do companheiro. É importante salientar que o agressor tem um desejo de ser superior à vítima. Predomina de alguma forma a lei da selva, que é a lei do mais forte.
Neste contexto, urge perguntar se a violência doméstica tem vindo a aumentar. A resposta é difícil tendo em conta que o enquadramento sócio – económico em que vivemos é complexo e propicia a violência, como demonstra o provérbio popular “Onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Porém, não é menos verdade que os organismos de apoio à vítima estão mais activos e cada vez mais presentes neste tipo de situações.
Este assunto considerado um Tabu, tem saltado para as páginas dos telejornais e da imprensa em geral e por isso chegamos a pensar que a violência doméstica aumentou consideravelmente, ou será que neste momento tem mais visibilidade? Responda você mesmo e faça uma reflexão consciente sobre o assunto, mas não fique indiferente a esta realidade social.
Ana Rita Maia, Ana Carolina Gomes, Ana Margarida Mendes, Laura Reinas e Mariana Baía, alunas do 12.º C da Escola Secundária da Sé (Guarda)
