Arquivo

Hortas para poupar e alimentar a alma

Quinta da Maúnça disponibiliza, desde sábado, pedaços de terra para quem a quiser tratar e cuidar

Vários guardenses começaram, no passado sábado, a tratar da sua horta na Quinta da Maúnça. Trata-se da mais recente actividade do espaço educativo florestal da Câmara da Guarda e destina-se a dar «a quem nunca usufruiu a vivência do mundo rural ou para aqueles que perderam ou se afastaram dessas raízes a oportunidade de partilhar o reconfortante contacto com a terra e daqui poderem colher um contributo precioso para o abastecimento da cozinha com a garantia de frescura, sabor e qualidade», sublinha Ludovina Margarido, coordenadora da quinta.

O projecto arrancou com 14 hortas urbanas de produção biológica e Judite Quaresma é uma das utilizadoras. Esta professora até passou pelo mercado municipal para comprar sementes de cebola, couve e beringela, entre outros legumes: «São para plantar e dar, porque tenho muitas», explicou, adiantando que a vinda à Maúnça é «um passatempo para desanuviar do dia-a-dia». Classificando a iniciativa de «maravilhosa», esta docente de uma escola da cidade garante que vai «comer ou dar» o que cultivar. E para que a sementeira corra pelo melhor está lá João Luís, o guardião das hortas, que já tinha tudo preparado para os aprendizes de agricultores deitarem mãos à obra. «Para o ano serão eles a tratar da terra e já podem plantar o que quiserem, até lá estou cá para lhes ensinar como se faz, além de vigiar os resultados», adianta, à medida que vai distribuindo cebolo pelos participantes.

Os participantes também ficaram a saber que terão que organizar um esquema de rega para que a água chegue para todos. A ideia assustou Ana, professora do Instituto Piaget de Viseu, que terá invocado a «falta de força nos braços» para garantir o seu pedaço de terra junto ao poço. «É um projecto de família. Vai ensinar aos nossos filhos o que é a agricultura», assume. A filha, também ela Ana, plantou tomate, enquanto o filho Francisco deixou escapar uma exclamação ao ver a semente da cebola. Uma admiração que leva João Luís a recordar que um dos objectivos desta actividade também é elucidar as crianças, «muitas das quais ainda pensa que a horta é nos supermercados», refere. Por sua vez, Ludovina Margarido disse-se surpreendida com as pessoas inscritas para as hortas urbanas: «Temos professores, investigadores e até fotógrafos, que levam isto mais a brincar, mas também desempregados e gente com graves carências sociais, para quem este projecto vai ajudar à sua subsistência. A ideia é abrir a iniciativa a toda a gente», adianta.

No entanto, para a coordenadora da Maúnça, mais do que equilibrar as finanças ou satisfazer o paladar, estas hortas podem «alimentar a alma e reabilitar o corpo», pois o contacto com a natureza «é salutar». Com as hortas, Ludovina Margarido acredita também que se estão a criar «voluntários activos» na valorização da agricultura e dos seus produtos. Se o projecto correr bem, já há mais 25 talhões à espera de serem tratados na Maúnça. Até lá, vão ser plantados nos actuais plantas aromáticas e flores que ajudam no combate às pragas.

Luis Martins As primeiras hortas urbanas deverão dar legumes daqui a poucas semanas

Hortas para poupar e alimentar a alma

Sobre o autor

Leave a Reply