Arquivo

Coma com pão

Alguns de nós ainda se recordam daquele singelo chocolate da Regina, que na mais pura arte de fazer “markting”, tinha um nome popular e directo, para convencer os nossos pais de que era um bom conduto para uma «sande». Qual fiambre, qual queijo qual quê, pensaram esses criativos, que a sensação do rijo com o mole é que estava a dar. De facto era bom e ainda há gente que o faça, entalando um chocolate ou uma banana no pão.

O sinal de marca “coma com pão” só foi registado em 2005 pela Imperial – produtos alimentares, detentora dos chocolates Regina, e entre outros sinais de marca com história lusitana, fui vasculhar na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Nacional (INPI), segundo a qual, apenas nos finais do século XIX, nasce o primeiro registo conhecido de marca em Portugal, a “ALGODON SINGER”.

Gostei do brinquedo e teclei a marca nacional “Fátima”, efectuada em 1928, como azeite virgem, extra certamente. De qualquer forma não existe, tanto quanto pude apurar, nenhum registo da marca “Fátima” com carácter internacional, o que não é o caso por exemplo da palavra “Deus”, que desde 2002 tem um titular estrangeiro na área das bebidas.

Curiosamente a marca “Fado” é igualmente registada como oleaginosa em 1936 e “Amália” é desde 1981 uma marca nacional verbal de uma sociedade de vinhos. Para completar os três “efes” fui no encalço da palavra “futebol” que só em 2006 recebe um titular na classe de educação, formação, entretenimento e eventos desportivos.

Já o registo “Portugal” aparece em 1954 como gordura comestível, pela Fábrica de Conservas Pátria e se pensarmos no “Zé Povinho”, este está caducado desde 2003 na classe de bebidas alcoólicas (cervejas não incluídas), ai encontramos também o nome “Camões”, que só teve “olho” para se alistar em 1965. A marca “Sagres”, antes de ser registada pela Central de Cervejas nesse ano de 65, já tinha sido descoberta pela Companhia Nacional de Pneus e por uma Fábrica de Camisas nos anos de 1944 e 1959, respectivamente.

O sinal “Benfica” foi concedido em 1959 para a indústria tabaqueira e mais tarde para diversos produtos alimentares, mas só em 1988 é registado verbalmente pelo conhecido clube de futebol em diversas classes de produtos de “merchandising”, inclusive telecomunicações. Palavras como “Salazar”, “PIDE”, “fascismo”, “comunismo”, ou “25 de Abril”, nunca foram garantidas como marca em qualquer classe ou produto nacional.

Para terminar fui ver o primeiro registo da marca “Tuga” que se encontra em torrefacção desde 1993, e porque estava na hora de ir beber um café, espreitei a “Saudade” que, desde 1951, é uma marca mista, com logótipo, na classe 29, talvez em coberturas de cama.

Por: Daniel Gil

Sobre o autor

Leave a Reply