Numa altura em que a nova concessão dos transportes colectivos urbanos da Grande Covilhã ainda aguarda o visto do Tribunal de Contas (TC), a Covibus já está a operar na cidade desde o início do mês no âmbito de um «contrato provisório», esclarece fonte da concessionária. O serviço está a gerar descontentamento entre os utentes, que se queixam dos atrasos dos autocarros e que os veículos são antigos e têm avariado demasiadas vezes. A Covibus – sociedade que a Corporation Española de Transportes (CTSA) constituiu para a concessão – admite falhas e assegura que serão introduzidas novas viaturas, mas só depois do visto do TC.
«Os autocarros são muito velhos», queixa-se Laura Bica, acrescentando, espantada, que «os motoristas são de Vila Real» e que, por isso, desconhecem os percursos e paragens. «São os próprios passageiros que lhes têm ensinado as paragens», refere, ao notar que se têm registado «muitos atrasos». «E também muitas avarias», acrescenta outra utente. Alcina Baptista diz ter estado a bordo de uma viatura que avariou em pleno Pelourinho, o que levou a que todos os passageiros tivessem de sair e encontrar alternativas para chegarem aos destinos. O INTERIOR sabe que a frota da empresa já perdeu pelo menos seis viaturas devido a avarias, tendo mesmo pedido ajuda à UTC (União de Transportes dos Carvalhos, no concelho de Gaia) para conseguir assegurar o serviço. «Não estávamos preparados para começar e nem sequer tivemos tempo para nos prepararmos», reconhece o administrador da Covibus, João Queirós de Lima, que garante que a CTSA «nunca iniciou um serviço sem autocarros novos, com zero quilómetros».
Este responsável não adianta o motivo que levou a empresa e a autarquia a acordarem o início da exploração dos transportes colectivos sem a prévia preparação da empresa e antes da aprovação do TC, interrompendo assim o serviço que estava a ser prestado pela concessionária anterior, a Transcovilhã – a operar na cidade há mais de 20 anos. João Queirós de Lima fala numa «fase de transição» e assegura que, quando a concessão arrancar formalmente, haverá um serviço com «uma qualidade nunca antes vista na cidade», cumprindo o que a empresa propôs no concurso público. Os pressupostos da concessão incluem, de resto, a obrigatoriedade de introdução de autocarros novos.
RBI e Mondinense também com providência cautelar
Do lado da Joalto, proprietária da ex-concessionária Transcovilhã, Luís Salvador revela que a empresa só recebeu uma comunicação da autarquia para parar com a prestação do serviço a 29 de Abril, dois dias antes da Covibus se apresentar no terreno. O administrador considera que a decisão da Câmara foi «apressada», isto porque em Outubro do ano passado, altura em que terminou a concessão, a edilidade afirmava que a Transcovilhã operaria até à aprovação por parte do TC. Intenção que a Câmara reafirmou aquando do anúncio do vencedor do concurso, em Janeiro, recorda. Na altura, a Transcovilhã tinha já interposto uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco. «Houve intenção de assinar um contrato escrito», diz Luís Salvador, ao referir que o que existia desde Outubro era um acordo verbal. Entretanto, o consórcio constituído pela Joalto e a Auto-Transportes do Fundão interpôs uma nova providência cautelar na última semana de Abril.
Luís Salvador entende que «é preciso apurar-se quem está a explorar os transportes», visto que, na constituição da Covibus, não aparece só o grupo espanhol. «Ou seja, a CTSA vai ao concurso público, apresenta proposta, alegadamente ganha-o e quem aparece é uma empresa chamada Covibus, que na sua constituição tem capital de um conjunto de empresas espanholas», estranha. De facto, a Covibus é formada pela CTSA e outras empresas, nomeadamente as espanholas Auto Res e Avanza. A Transcovilhã «nunca colocou entraves» ao início da exploração da Covibus, realça Luís Salvador, que acusa os serviços municipais responsáveis pela gestão da central de camionagem de estarem a «criar diariamente problemas à Joalto» – que explora percursos interurbanos desde o final dos anos 50. «Recusam-se a anunciar os nossos autocarros na central», exemplifica o administrador.
Em relação ao serviço que está a ser prestado pela Covibus, Luís Salvador diz que «é rigorosamente igual, porventura com ligeiras alterações, com a diferença de que nós cumpríamos os horários». Para além do agrupamento constituído pela Joalto e Auto-Transportes do Fundão, há outro consórcio a contestar o resultado do concurso público, formado pela Rodoviária da Beira Interior (RBI) e a Mondinense. A providência cautelar foi interposta na última terça-feira com o argumento de que este consórcio foi «mal classificado» em vários itens, nomeadamente no que concerne à introdução de equipamento tecnologicamente evoluído e à organização dos serviços, adianta Alfredo da Silva, da RBI. Contactado por O INTERIOR, o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, limitou-se a dizer que os novos autocarros estarão no terreno dois meses após o visto do TC, tendo-se recusado a comentar quaisquer outros aspectos do processo. No entanto, convém recordar que um dos pressupostos definidos pelo autarca para o lançamento deste concurso era justamente a introdução de autocarros novos e assegurar um serviço de qualidade aos covilhanenses.
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