Arquivo

Um carnaval de principes e palhaços

Bilhete Postal

Imaginem uma festa onde vão os bobos e os reis, mais ninguém. Um mundo de cigarras com poucas formigas. Um mundo onde os Príncipes vivem e os palhaços produzem, mas sempre poucos palhaços e muitos príncipes. Este é o cenário da maior escravidão, porque este é o lugar onde os escravos voluntariamente se alegram do seu destino, se contentam em nunca ter oportunidade, onde as formigas nunca voarão e, exaustas, darão de comer a centenas de cigarras. Este espaço onde uns sofrem e outros se divertem, este colchão onde uns dormem e outros são estrado, esta carroça onde cavalos dentro e cavalos fora se distinguem pela função, e nunca o reverso e nunca a viragem ou sequer a miragem. Alegria de ser cavalo de puxar e sorte de ser cavalo sentado. A escravidão de, voluntariamente, ser sempre bobo com uma travessa na mão. Servir só por servir, carregando o sorriso da servidão, empurrar contente os lugares onde vai a realeza, bramir como futuro para o filho que aí vem, um lugar na mesa dos bobos, sem mais, sem sonho. A revolta, a ofensa, a dor, existem e são um espaço de glória ao que abre uma nova janela, cria um novo destino. Bem aventurados os descontentes se seu “carma” pode mudar.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply