Alguns trabalhadores da DURA, que produz componentes para automóveis, denunciaram, na passada quinta-feira, à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que a empresa não estará a cumprir as regras da “lay-off”. A medida vigora desde 1 de Março na fábrica de Vila Cortês do Mondego, a poucos quilómetros da Guarda, e implica três dias de trabalho por semana com a respectiva redução salarial ao fim do mês.
«Está a haver um aproveitamento das pessoas e dos apoios da Segurança Social, porque a DURA tem trabalho para todos, até criou um terceiro turno e chamou os 14 trabalhadores cujos contratos foram suspensos na altura», garante Sandra Sousa. Após ser recebida pelo inspector que está a acompanhar o processo na multinacional norte-americana, a delegada do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) adiantou que, desde então, a fábrica tem laborado «em pleno» nos três dias de trabalho definidos e inclusive nalgumas quintas-feiras. «O que estava previsto era uma paragem dois dias por semana, mas o que está a acontecer é que há pessoas a trabalhar às quintas. Até trabalharam na quinta e sexta-feira santa, quando, supostamente, a empresa alegou não ter trabalho», disse, acrescentando que funcionários e sindicato reclamam o fim do terceiro turno «para que haja trabalho nos cinco dias da semana e que nos paguem o devido», acrescentou.
Sandra Sousa afirmou ainda que «os trabalhadores têm notado que há sempre mais encomendas do que o planeado», pedindo à Inspecção de Trabalho que actue, «embora desconfie disso depois desta reunião», lamentou a também membro da comissão de trabalhadores. Pouco optimista ficou também José Ambrósio, delegado na Guarda do STIMM: «Saímos como entrámos. As dúvidas colocadas ao inspector de trabalho encarregue da DURA não foram esclarecidas», declarou, considerando que, face ao exposto, «a “lay-off” não faz sentido». Antes pelo contrário, para o sindicalista, a empresa não está a reduzir custos, mas a pagar horas extraordinárias com esta opção. De resto, o STIMM anunciou que vai fazer uma exposição às entidades competentes sobre a actuação da Inspecção na DURA e alertar também a Segurança Social sobre o alegado incumprimento do regime de “lay-off”. Actualmente, a empresa emprega 147 trabalhadores. Até à hora do fecho desta edição não foi possível obter uma reacção por parte da administração da DURA Automotive.
Luis Martins