A crise económica e a ausência de investimento publico estão a afectar a generalidade dos municípios do interior, particularmente no distrito da Guarda, «que carece de investimento público para suster a debandada dos seus naturais e residentes e fomentar o desenvolvimento».
Este é o pensamento de João Mourato, presidente da Assembleia Distrital da Guarda, órgão que reúne os 14 concelhos do distrito, que se manifesta «preocupado e apreensivo» com a situação económica e social na região. O também presidente do município da Mêda considera que «a crise já chegou há algum tempo, reflecte-se na redução das receitas, no pagamento de taxas e nos atrasos de pagamentos». João Mourato chama, por isso, a atenção para a dificuldade que as autarquias têm em «gerir e gerar investimentos, nomeadamente no Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), face às expectativas anunciadas de receitas vindas dos fundos comunitários». E alerta que a «ausência de investimento público pode acelerar a crise, porque não havendo investimento, as empresas confrontam-se com mais dificuldades de pagamento aos seus trabalhadores».
Na sua opinião, o investimento público pode ser «um grande impulso para aliviar a crise sob pena de, no interior e concretamente no distrito da Guarda, as pessoas terem de procurar fora das suas terras melhores condições de vida e daí o despovoamento». O presidente da Assembleia Distrital acredita no impacto que a construção de equipamentos, a abertura de vias de comunicação ou a sua melhoria poderão ter no dia-a-dia da população da região, onde diz notar-se já «a descapitalização das famílias e das empresas». João Mourato sublinhou também que «se um dia houver dificuldades na Lei das Finanças Locais, ou o Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF) não financiar sustentadamente as autarquias, pode criar-se uma situação muito grave quando as Câmaras do interior não têm capacidade para gerar receitas como as do litoral».
José Domingos