Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, por 1467 – 1468. Filho de Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte, ingressou na corte de D. João II como moço fidalgo, por volta de 1478. Casou-se com uma sobrinha de Afonso de Albuquerque e sabe-se que recebeu uma tença de D. João II por serviços prestados, cuja natureza se desconhece.
Após o regresso de Vasco da Gama da Índia, D. Manuel nomeou Pedro Álvares Cabral capitão-mor de uma armada de 13 naus. A missão era transportar 1500 homens para terras do Oriente e conseguir restabelecer relações de amizade e alianças de comércio com o Samorim de Calecute.
Antes de retomar caminho para oriente, despachou um navio para Portugal com a notícia do descobrimento. Durante o percurso até à Índia a armada perdeu mais cinco navios no decurso de um temporal ao largo do cabo da Boa Esperança: quatro deles naufragaram e todos os tripulantes morreram e uma nau afastou-se das outras, só se juntando a Pedro Álvares Cabral em Cabo Verde, já no regresso
Foram só seis naus que avistaram Calecute a 13 de Setembro de 1500. Pedro Álvares Cabral conseguiu estabelecer uma feitoria em terra, mas os seus ocupantes acabaram por ser chacinados. O capitão português retaliou, queimando as embarcações mouras que estavam no porto e bombardeando a cidade. Seguiu para Cochim onde carregou de especiarias os porões das naus e regressou a Lisboa, onde chegou a 31 de Julho de 1 501.
No ano seguinte, chegou a ser escolhido para regressar à índia, mas por razões que se desconhecem não se concretizou o seu comando da expedição. Pedro Alvares Cabral retirou-se da corte e fixou-se nas suas propriedades perto de Santarém. Deverá ter sido nesta cidade que morreu. Foi agraciado por uma comenda da Ordem de Cristo. Na Missa de despedida celebrada a 8 de Março de 1500, a bandeira da mesma Ordem. O Bispo de Ceuta fez um sermão, não louvando El Rei, mas louvando Pedro Álvares Cabral pelos actos heróicos feitos em África e por ter aceite o encargo de comandar toda a frota e armada que partiu para a Índia em 9 de Março.
Presente nesta Missa de Despedida, esteve presente também a bandeira de D. Manuel I, a qual, depois de benzida por D. Diogo Ortiz, foi entregue pelo Rei ao Capitão Pedro Álvares Cabral. Esta bandeira estaria presente também nas duas missas celebradas no Brasil.
A imagem de Nª Srª da Esperança tinha, já antes de Pedro Álvares Cabral, um templo em Belmonte, e em terras de seus antepassados. Era imagem de família e de muita devoção das gentes de Belmonte. Esta devoção continua a ser grande, a maior deste povo. Segundo a tradição, bem arreigada nesta terra, a imagem acompanhou Pedro Álvares Cabral na viagem em que este descobriu o Brasil. Dela se fizeram réplicas, uma oferecida ao Brasil, outra existente no Museu da Marinha em Portugal.
A vida de Pedro Álvares Cabral nunca teria passado de epítome, se não fossem as conhecidas tenças recebidas por acções valiosas e concretas, e por aquilo que escapou aos cronistas oficiais que procuraram ignorá-lo, pensando que, assim, o fariam esquecer.
Felizmente os reis passam e história cada vez mais se aclara.
Hoje está claro que Pedro Álvares Cabral deu ao sonhado Império Português a sua maior dimensão, desde as terras da América abrangidas pela linha de Tordesilhas até ao Oriente. Está claro que nem D. Manuel I nem os conselheiros, cegos pelas riquezas que Pedro Álvares Cabral foi o primeiro a trazer, perceberam que este navegador trouxera também a notícia de uma terra mais bela e cuja riqueza não precisava de ser arrancada a canhão e pólvora.
Para honrar a palavra de El-Rei e a pedido deste, Cabral desistiu da capitania da sua segunda armada à Índia. El Rei agradeceu-lhe e prometeu que lhe daria o comando de outras armadas. Mas esqueceu-se do herói que homiziou sem, contudo, deixar de intitular-se “com grande cópia” senhor da navegação e conquista da Pérsia, Índia, Arábia e Etiópia – títulos que o homiziado lhe ganhou.
Este homiziado tem estátua em Belmonte, em cujo castelo nasceu e onde é orgulho de todos apesar da ingratidão do Rei bajulado por qualquer cronista e cortesão.
A estátua de Pedro Álvares Cabral em Belmonte é de um homem que é uma peça única de formação de “Almirante”, navegador e cristão humano.
A estátua de Lisboa é a do homem triunfante que chega a Belém com naus carregadas de riqueza ou do homem que infalivelmente tinha de ser reabilitado pela história. Um dia, um cortesão injuriou a figura de Pedro Álvares Cabral em frente de um filho deste e de D. João III. El Rei mandou calar o cortesão, mandou-o sair da sala, e desterrou-o para África, por toda a vida. Foi o início da justiça devida ao filho segundo do Alcaide Mor de Belmonte.
in, site do Munícipio de Belmonte