“O que vier está inscrito na putrefacção do acontecer social e político”, escreveu, magistralmente, há pares de anos, o filósofo espanhol Eduardo Subirats.
A prognose contida no asserto é evidente – e óbvia. Digamos mesmo que é uma tautologia. Sucede é que o asserto também só é possível por uma retrognose, digamos.
Que o hic et nunc, em Portugal, não contém, em si, nada de bom – sem evidentemente querer ser alarmista – é claro. Aliás, a Astrologia já o tinha predito para 2008.
Que este texto seja dirigido a um prócere religioso decorre, tão-só, do facto de não nos parecer ser possível outro fundamento para o homem, o Homem (o ser humano pessoal, social e histórico), que o Espiritual.
Sempre foi inquestionável para mim que o actual Primeiro-Ministro mais não era que uma inépcia. Mas, enquanto 1º-Ministro, é uma emanação dessa inépcia que o colocou no Poder, referindo-me eu tanto aos que nele votaram, como ao seu partido político.
O que veramente interessa à Nação, ao País, a Educação, quero dizer, é algo que nem o Chefe do Governo, nem o que passa por ser Ministério da Educação, lobrigam.
Esta afirmação não é novidade – mesmo que à sociedade portuguesa não tire o sono e sem embargo da lucidez e valentia de homens como, v.g., Santana Castilho e Vasco Pulido Valente.
Todavia, se personalidades luminosas, como estas, dizem o que têm a dizer, já o Senhor Cardeal Patriarca, há tempos, em homilia, revelou não saber o que dizia.
Tenho cada vez mais apreço por este Papa (aos alemães é intrínseca a profundidade e o falarem claro), mas torço o nariz a D. José Policarpo. O que se passa em Portugal ilustra claramente um “colapso dos padrões normais de percepção”, uma “quebra de ligação normal entre percepção e realidade” (expressões encontradas em A Morte da Utopia, de John Gray, Guerra & Paz).
E, pela sua parte, a Igreja tem que ser absolutamente firme na afirmação e defesa do essencial. Por que é que, quando eu frequentava o Liceu, se liam livros de Thiamer Toth e os (as) liceais, agora, são inundados com hedonismo? Não pode haver uma muitíssimo mais inteligente adaptação aos tempos hodiernos? Mais. Os invertidos (não queria parecer trauliteiro na linguagem, mas este termo popular parece-me bem adequado) e as lésbicas ocupam agora as primeiras páginas de jornais e revistas que passam por ser imprensa “de referência”.
A Igreja está tranquila com o que tem feito para dizer “Crescei, multiplicai-vos e dominai a Terra”?
Conheço bem três jornais espanhóis: um é militantemente laico (El Pais); outro, digamos, afirma Espanha (El Mundo); mas o ABC é bem cônscio de que uma identidade só o é porque há uma religião e uma religiosidade. E os seus colunistas não têm papas na língua – nem medo que os desmintam.
A Igreja portuguesa já pensou em editar um diário de grande qualidade, aberto a quem quer que seja, contanto que fosse digno? António Vilarigues é um marxista, mas a dignidade das suas palavras é incoercível. É apenas um exemplo do tipo de colaboradores que poderia ser convidado.
Até uma terra tão plebeia – e em não poucos aspectos – tão limitada como a França tem um jornal católico, La Croix. Mas que país é Portugal, ou que Igreja é a portuguesa, para não ter um jornal católico aberto, bem feito e inexpugnável, digamos?
Certos plumitivos andam às voltas com o preservativo. Mas eles, que lêem Vasco Pulido Valente, por que não fixaram as suas palavras quando, há tempos, o insigne colunista declarou que o mundo do Papa é outro?
Em Portugal, a generalidade dos meios da chamada comunicação social refocila no erro. Mas não é a Igreja capaz de lhes dizer que o maligno para mais não serve que para mostrar a luminosidade da espiritualidade, ou que “Deus escreve direito por linhas tortas”?
Mais que um horror a arte de Francis Bacon (Dublin, 1909, e Madrid, 1992) sempre foi para mim uma insuportável repugnância.
Se tiverem cabeça para o entender – e sem qualquer ofensa –, aos que defendem o mesmo que Bacon que vão ao Museu do Prado, a Madrid, ver a exposição que lá vi ontem.
Muito obrigado Reverendíssima Excelência, pela atenção que se dignou conferir a estas nótulas.
Guarda, Dia de Páscoa de 2009
Por: J. A. Alves Ambrósio
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