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Mêda, na vanguarda da tradição

Paisagens de sonho conjugam-se, nestas terras, com a solidão de castelos e de ruínas. Aqui e ali, casas brasonadas, pelourinhos, fragas e fontes com história evocam segredos de outros tempos. Porque na Mêda as lendas do passado conjugam-se, inevitavelment

Na Mêda, poderá iniciar a visita nos Paços do Concelho. É um antigo solar barroco do século XVIII, embelezado com azulejo representando motivos das 16 freguesias. Depois, dirija-se à Rua da Corredoura, onde encontrará um outro solar barroco, do mesmo século – o Solar das Casas Novas -, onde estiveram aquarteladas as tropas anglo-lusas durante as invasões francesas. A pouca distância do local, duas fontes: a do Espírito Santo, manuelina, e a fonte barroca das Fontaínhas. À saída da Rua da Corredoura e depois de atravessar a Rua Direita, encontra o Centro Histórico da Mêda, que inclui a Igreja Matriz, o antigo Tribunal, a Cadeia, o Pelourinho e o Museu Municipal.

Seguindo pela Rua Professor Ilídio Gouveia, encontrará depois a Rua da Poça, onde terá residido o Comendador da Ordem de Cristo. No local, existe uma janela manuelina de grande interesse. Na Rua Nova está situada a casa do Dr. Alondo e D. Amélia, um belo edifício Arte Nova. Depois, é imprescindível uma visita à Torre do Relógio, local de onde poderá contemplar a vila. Siga pela Rua Dr. Roboredo, onde encontrará o novo Palácio de Justiça. Virando à esquerda, estará novamente na Avenida. A poucos metros, encontrará o Parque Municipal, local que guarda a belíssima fonte barroca da Devesa.

Contornando o campo de futebol, encontre um testemunho da modernidade da vila beirã. Faça uma visita ao Complexo Desportivo das Piscinas, dotado de todas as infraestruturas imprescindíveis para a prática do desporto. Daqui, parta para a Zona do Barrocal, para conhecer a Casa da Cultura e nova Biblioteca Municipal. Regressando ao centro da vila, o solar da família Lacerda Faria merece uma visita demorada. A jornada termina na Capela da Senhora das Tábuas, pequeno templo fundado pelos Templários, e, já fora da vila, na Ermida de Santa Cruz. Depois de jantar – realce para os deliciosos manjares típicos da região – poderá investir num passeio nocturno pela Avenida da Mêda.

Percurso II

Visita a Outeiro de Gatos, Aveloso, Prova, Casteição e Paipenela

Junto da Igreja Matriz de invocação de Nossa Senhora da Graça, em Outeiro de Gatos, existem alguns elementos arquitectónicos de um antigo convento, em que, desde logo, sobressai um portal do século XVII. É imprescindível que aprecie as belas casas em cantaria, das quais se destaca a Casa Grande do Século XVIII. Deixe a aldeia e atrevesse a Teja, através de uma ponte romana, ainda muito bem conservada e suba pela povoação de Aveloso, berço de muitas histórias. Aqui nasceu Albano de Jesus Beirão, apelidado de “homem-macaco” – homem invulgar, nascido em 1882. É ainda obrigatória uma visita à Igreja Matriz de invocação à Senhora do Pranto, com reminiscências românicas. Destaque, por outro lado, para o extraordinário quadro paisagístico proporcionado pelo miradouro.

Andando mais três quilómetros para montante da Teja, divise num vale largo, no sopé do Pendão, a freguesia da Prova. Pare na Fraga da Pendão, de onde se avistam as aldeias circunvizinhas, num cenário deslumbrante. Na Prova, visite a igreja paroquial. Na zona mais antiga da aldeia, pode contemplar casas de interesse turístico: a Casa Grande do século XVIII, na qual esteve instalado Salazar em Agosto de 1937, em visita à família Lacerda, e a casa de S. José Cardoso, edifício do século XIX.

Retome a estrada para Sudeste, em direcção a Casteição, passando pelos Chãos. Neste lugar, propomos uma visita à casa do Senhor Raúl que, embora esteja em avançado estado de degradação, constitui um óptimo exemplar da Casa Beirã. A freguesia de Casteição é particularmente famosa pelos seus castanheiros, que constituem verdadeiros monumentos vivos. Os vários soutos seculares que rodeiam a aldeia transformam a freguesia num espaço “sui generis” de grandiosidade e beleza natural. Recomenda-se uma passagem pela Igreja Paroquial, exemplar de arquitectura religiosa barroca da época joanina. No adro da igreja, erguem-se o Pelourinho e a antiga Casa do Concelho.

No regresso à Mêda, faça uma pausa em Paipenela, freguesia com uma paisagem envolvente extraordinária (facto que poderá, de resto, confirmar no miradouro da aldeia). Trata-se de um lugar místico, onde prolifera a arquitectura das crenças e dos cultos, com destaque para os nichos e as alminhas.

Percurso III

Por terras de Coutinhos, Marialvas e Sampaios e Melo

Parta da Mêda em direcção a Marialva pelo lado nascente. Marialva é uma vila antiquíssima, constituída por três aglomerados populacionais: a cidadela entre muros, que ainda no princípio do século XX era habitada e que hoje se encontra em ruínas; a vila, com características quinhentistas e a Devesa, que se estende para a planície, onde corre a ribeira de Marialva.

As muralhas do castelo, de contornos irregulares, tomam a forma de um barco que parece navegar para Sudoeste, delimitam um espaço organizado segundo o traçado de três ruas provenientes das três portas das muralhas e que confluem para o largo central, onde se situam as ruínas do Paço do Alcaide, da Casa da Câmara, Cadeia, Cisterna e Pelourinho.

Na zona mais elevada do interior das muralhas, poderá contemplar a Torre de Menagem, a Igreja Matriz de Santiago e a Capela do Senhor dos Passos. Numa das muralhas do Castelo de Marialva descubra um campanário românico da Igreja dos Templários. A encimar o campanário, ergue-se a cruz dos Templários. Na vila, poderá ainda visitar a igreja de S. Pedro, do século XVII e com magníficos altares barrocos em talha dourada e pinturas murais. Através do Projecto de Recuperação das Aldeias Históricas, as casas da vila foram recuperadas. O principal núcleo populacional de Marialva encontra-se na Devesa, onde surgiram vestígios da época romana como colunas, capitéis, inscrições, cerâmica e moedas.

Deixe Marialva para ir dar uma volta pela Barreira, onde poderá conhecer a Igreja Matriz, a Capela de Nossa Senhora dos Milagres e a Capela de S. Sebastião. Outros pontos de interesse são a fonte de mergulho, no Lameirão, os moinhos de água da ribeira de Marialva, o forno comunitário e a Casa da Cerca.

Parta, depois, em direcção à Coriscada. Dois solares merecem destaque: a casa dos Menezes – também chamada de “Casa da Chaminé” – e o Solar da Casa Grande, dos Viscondes da Coriscada. Suba ao monte de Santa Bárbara, sobranceiro à aldeia e encimado por uma ermida dedicada àquela santa. Desfrute de uma paisagem de beleza agreste, que se estende da Serra da Marofa aos montes de além Douro e do Castelo de Marialva à cidade da Guarda. Os campos de vinhedos, oliveiras e pinheiros e o rio Massueime poderão proporcionar-lhe agradáveis retiros de silêncio.

Retome a EN 324 e a EN 102 e vá em direcção ao Rabaçal, onde sobressai a Igreja Matriz, um belo templo de construção rococó, dois solares da família Sampaio e Melo (o solar da quinta de Bacelada e o solar do Morgado) e a fonte barroca.

Seguindo novamente pela EN 102, mas em direcção à Mêda, faça uma curta paragem no Carvalhal. Situada num vale verdejante, hoje é uma terra pequena, mas de grandes tradições. Na Igreja Matriz, datada do século XVIII, não deixe de admirar o tecto em caixotões da Capela-mor.

Volte à estrada para visitar Valflor, onde há paragem obrigatória na Igreja Matriz, nas ermidas de Santo António, Santa Bárbara e Nossa Senhora da Saúde – uma jóia do rococó, edificada em 1818.

Percurso IV

Do Poço do Canto às romarias de Santo Amaro e da Senhora do Monte de Ranhados

Parta da Mêda pela estrada nacional 324 até ao alto do Poço do Canto. Ao cruzeiro dos centenários, desça para o centro de Poço do Canto para uma visita à Igreja Matriz, edifício rocócó de finais do século XVIII e consagrado ao Divino Espírito Santo. Do Adro poderá contemplar algumas casas solarengas: a casa de Cônsul e a Casa de D. Alda, de algum interesse arquitectónico. Regresse ao alto do Poço do Canto para retomar a viagem em direcção a Ranhados, pelo caminho municipal de Santo Amaro. Em Cancelos de Baixo faça uma paragem para contemplar mais um belo solar barroco do século XVIII. Neste solar alojou-se, a convite do então proprietário Caetano de Seixas, Alexandre Herculano, em 1852. A arquitectura da fachada apresenta uma singular harmonia. Continue, depois, a descer até à Teja, até encontrar a capela de Santo Amaro. Suba até Ranhados, freguesia de património artístico notável, constituído essencialmente pela Igreja Matriz, pelourinho, fontenova, castelo, solar dos Távoras, solar dos Condes de Avillez, antigo Tribunal e Cadeia, castro de S. Jurje, Cruzeiros e casas tradicionais. De todo este património, ressalta pelo seu valor arquitectónico a Igreja Matriz.

Percurso V

A Caminho das Terras da Ordem de Cristo

Tome a direcção de Longroiva. Pelo caminho, deixe-se envolver pelas belas paisagens da Veiga. Para além do castelo, Longroiva possui um notável património cultural construído: o solar dos Marqueses de Roriz, a Capela da Senhora do Torrão, exvotos, a Fonte da Concelha, a Fonte Nova, a Igreja Matriz, a estrada romana, a forca, várias sepulturas antropomórficas e moinhos de água.

De resto, as Termas de Longroiva são a grande riqueza do concelho. Águas sulfúreas de caudal abundante com a temperatura de 44 graus centígrados, cuja qualidade e autenticidade foi técnica e cientificamente testada. Aproveite para passar alguns dias na Estância Termal e beneficie das qualidades das suas águas, particularmente benéficas para a cura de enfermidades relacionadas com a pele e os ossos.

Do vasto e rico património de Longroiva, merece ainda referência a Igreja Matriz de Santa Maria, nas imediações do castelo. A seu lado, a capela de Nossa Senhora do Torrão, rodeada de sepulturas antropomórficas datadas do século XII. Atente nas talhas douradas do retábulo do altar, nas pinturas do tecto e nos frescos datados do século XVIII. No largo da Praça. Localiza-se a antiga Câmara e o Pelourinho.

Regresse à Mêda e reserve a tarde para se deslocar à freguesia de Fontelonga, um percurso inesquecível a fazer no tempo das amendoeiras em flor. Visita obrigatória à Igreja Matriz, dedicada a Santa Maria Madalena e as capelas da Senhora de Belém e São Sebastião.

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