A ocupação plena dos alunos e a rentabilização do tempo perdido pelas faltas dos professores era o grande objectivo da Ministra da Educação mas os professores e alunos que ouvimos não gostaram da ideia
Com o objectivo de diminuir o insucesso escolar e promover a qualidade do ensino, o Ministério da Educação criou as aulas de substituição. Muitos professores e alunos não viram no entanto estas virtualidades nestas aulas. Sim, porque as “pseudo-aulas de substituição” são, na opinião dos professores e alunos que ouvimos, um castigo duplo para alunos e professores.
Os professores entrevistados entendem que não são “paus para toda a colher” como a Ministra da Educação pretende e que não faz sentido um professor de Filosofia substituir um de Educação Visual, ou um professor de Português substituir um de Educação Física ou de Matemática; para além disso, eles não são “auxiliares de educação” ou “entertainers” para terem de tomar conta de meninos ou meninas, fazendo actividades lúdico-recreativas (brincadeiras), contar histórias, ler poesia (como disse a Senhora Ministra). Mesmo que o professor substituto seja da mesma área disciplinar ou do mesmo grupo e o professor ausente tenha deixado plano de aula, os professores que contactámos afinaram pelo mesmo diapasão: só saberá verdadeiramente manejar um plano quem o elaborou e será muito mais útil aos alunos o professor que os orientou no trabalho e que com eles o planeou do que um “professor intruso” que apenas é forçado a cumprir um plano que nada tem a ver com ele.
Daí muitas aulas de substituição potenciarem a indisciplina e a má educação, porque os alunos vão para estas aulas contrariados pois, para além de serem jovens sobreocupados, com 36 horas lectivas semanais, necessitam de tempo para brincar e não aceitam com agrado o professor substituto, tudo fazendo para boicotar o bom funcionamento destas aulas, argumentando nada terem para estudar ou fazer ou terem-se esquecido dos livros. Na óptica de muitos alunos, que também ouvimos, seria mais útil estarem na biblioteca ou na sala de informática a fazer algo que entendam necessitar ou até mesmo no recreio, a desanuviar.
Cristiana Isabel Sieiro Santos (10.º A)