Vários docentes que leccionavam no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) não viram os seus contratos, expirados recentemente, serem renovados. De acordo com o presidente Jorge Mendes, há quatro professores nestas circunstâncias, três da área das Línguas e um de Geografia, desvalorizando o caso por considerar que é uma situação «perfeitamente normal de gestão». Na base da decisão estará a falta de alunos e as restrições orçamentais.
Sylvie Corinne Mirande, professora doutorada que leccionava Francês na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) há 15 anos, foi uma das docentes que não viu renovado o contrato, que terminou no passado mês de Agosto. A francesa de 47 anos, radicada na Guarda desde 1993, explica que o IPG não lhe renovou o contrato «por causa da racionalização de recursos humanos e das dificuldades de orçamento» e preferiu dar as aulas que leccionava às suas colegas que fazem parte do quadro do Politécnico. A equiparada a professora coordenadora lamenta que o seu contrato não tenha sido renovado, tal como sucedeu sempre de dois em dois anos, mas, por outro lado, aceita as explicações avançadas pelo presidente do IPG: «Pedi uma reunião a Jorge Mendes e percebi os motivos apontados e que não era possível renovarem o meu contrato», reconhece. A docente, que no ano lectivo anterior só deu aulas a duas turmas, queixa-se ainda da «decadência e da perda de influência da língua francesa». Actualmente, Sylvie Corinne Mirande está a dar aulas na Universidade Sénior da Guarda e a ajudar duas crianças em regime de «voluntariado, a nível gratuito», realça.
Um professor conhecedor do processo, que não quis ser identificado, lamenta que o Instituto só «tenha tido em conta os números» e «não levou em consideração as realidades de cada docente dispensado». Contactado por O INTERIOR, Jorge Mendes não se alongou em comentários. «Os docentes em causa tinham contratos a termo certo, alguns renováveis por um ano, outros por dois, que não foram renovados por questões de gestão interna. É uma situação normal de gestão», declarou. Sobre o caso específico da professora Sylvie Corinne Mirande, o presidente do IPG adianta que «duas professoras do quadro ficaram a leccionar Francês na ESTG e que, mesmo assim, não têm horário completo». Recorde-se que das 799 vagas disponibilizadas pelo IPG na primeira fase de acesso ao ensino superior só 382 alunos foram colocados na instituição. Desses apenas 318 fizeram a respectiva inscrição.
Os resultados da segunda fase são conhecidos na próxima segunda-feira. No início do mês passado, quando os novos estatutos do IPG foram homologados pela tutela e publicados em “Diário da República”, Jorge Mendes já deixava antever a redução de pessoal docente e não docente. «Teremos de continuar o processo de uma gestão integrada de funcionários e de professores, o que significa que pessoas com horários reduzidos ou que não sejam necessárias não verão os seus contratos renovados», avisou na altura. Até ao início de Setembro tinham sido dispensadas oito pessoas, com o presidente do Instituto a garantir que haveria mais saídas ao longo deste ano lectivo. O número variará consoante os alunos inscritos, as turmas criadas e a formação pós-graduada.
Ricardo Cordeiro