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Pelouro da Educação? De que planeta?

Última novela protagonizada pelo Pelouro da Educação da Câmara Municipal da Guarda e respectivo vereador. Projecto Guarda Tempos Livres, ou de como assegurar, nos próximos anos, receitas extra para os cofres depauperados à custa das criancinhas. Para quem não sabe, ou não é pai, ou mãe, as Actividades de Tempos Livres no 1º Ciclo Ensino Público saltaram literalmente para o domínio da Câmara Municipal – almoço das crianças e prolongamento de horário.

Em anos anteriores, o valor do prolongamento de horário, pago aos Agrupamentos/Ministério da Educação, era de cinco euros. Este ano, o mesmo prolongamento de horário, com os mesmos espaços, descaracterizados e mal dimensionados, com as mesmas pessoas, que, com pouca ou nenhuma formação e completamente desapoiadas, fazem o trabalho possível, mas onde também impera alguma falta de senso comum, sensibilidade e trato pedagógico para com as crianças, vai ter um aumento de 300% – 15 euros – para o escalão mais carenciado e de 800% – 40 euros – para o escalão mais elevado, conforme consta do Regulamento do Projecto Guarda Tempos Livres.

Mais, até agora, os pais das crianças pagavam os almoços que as mesmas comiam. Agora, a “Santa Casa”, vulgo Câmara Municipal da Guarda, despudorada, providencial e prepotentemente, à margem do mais elementar código de Educação para o Consumo e da premente necessidade de filhos e pais terem cada vez mais momentos em conjunto no dia-a-dia – é a família que educa primeiro, não esqueçam – quer cobrar mensalmente 0 euros ao escalão mais desfavorecido – acho muito bem; 15 euros ao 2º Escalão e 30 euros ao escalão mais elevado, mesmo que as crianças almocem duas ou três vezes por semana. Alguma escola com cantina cobra os almoços que os alunos não comem? Então porque é que a Câmara o quer fazer? Onde pairam as cabeças que elaboraram este regulamento? Só pode ser num sítio: o buraco financeiro em que a Câmara está metida.

Quem ler profunda e transversalmente este regulamento verá que a filosofia de Educação subjacente a este projecto pretende substituir cada vez mais a família como célula primordial e decisiva na Educação da Criança e retirá-la cada vez mais aos seus pais. Senão vejamos:

– o Artº5 – Comparticipações – o almoço está sempre pago no ATL – os pais de fracos recursos ou menos atentos à família, mesmo que possam almoçar com os filhos, terão tendência para mandar os filhos almoçar ao ATL. Mas, há pais que, pela profissão, podem almoçar com os filhos nuns dias e não podem noutros;

– o Artº 8 – Desistências e faltas – estabelece a obrigatoriedade de frequência do ATL, só prevendo reduções no pagamento no caso de doença comprovada. Obrigatoriedade de frequência num ATL? Só pode faltar ao ATL cinco dias consecutivos mediante atestado médico? Quer dizer que o motivo de lógica familiar/profissional dos pais e aumento do tempo com a família, não é motivo de força maior? Mas é um serviço de apoio à família ou não é? Pois é, é necessário assegurar clientela e não deixá-la fugir!

– o Artº 7 – Bonificação – as famílias têm redução de custo do prolongamento de horário se os filhos (eu disse filhos, não disse alunos) frequentarem as Actividades de Enriquecimento Curricular – que este ano passaram para o dobro da carga horária semanal – ou seja, menos 2/4/6 ou 8 horas por semana em que os filhos são retirados à família.

Enquanto muitas Câmaras do interior dão incentivos aos seus residentes, esta continua alegremente a presentear-nos com estas obscenidades despovoadas.

Não sirvo para colmatar erros de incompetência e má gestão do erário público.

Esbanjem, continuem a empenhar o futuro e a gastar o que não têm em festas e festinhas e feiras e logótipos, em remendos e caixotes e…

A mentira e o embuste continuam, começaram no nome – Sócrates e Valente – e continuam na obra. A face da mesma moeda – falsa e contrafaccionada, Made in… China… Chile…?

Leitor devidamente identificado, Guarda

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