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Encerramento de lojas de comércio de rua é «inevitável» na Guarda

Estudo da Associação Comercial alerta para a nova realidade que os “shoppings” vão criar na cidade

«Com o aparecimento de tão grande oferta comercial para a Guarda, próxima dos 60 mil metros quadrados, será inevitável o encerramento de muitos estabelecimentos, por melhor que estes trabalhem». Esta é uma das principais conclusões de um estudo sobre hábitos de compra dos guardenses, promovido pelo Observatório do Comércio e Turismo da Associação Comercial da Guarda (ACG) e apresentado na última segunda-feira.

O surgimento na Guarda, no espaço de dois anos, de dois centros comercias, o Vivaci, em construção, com 100 lojas, e o Guarda Mall, em fase de aprovação, com outras 100, bem como as quatro grandes lojas que estão previstas para a Avenida de São Miguel – E. Leclerc, Fábio Lucci, Aki e Netto – e um possível “retail park” na zona da VICEG, irá criar dificuldades acrescidas para o comércio de rua. De acordo com este estudo, elaborado a partir de entrevistas realizadas em Outubro de 2006, «se a Guarda não se quiser transformar num espaço urbano de lojas devolutas, contribuindo para os fenómenos de desertificação, marginalidade e vandalismo terá certamente que fazer uma grande melhoria no conforto físico, visual e logístico do espaço de rua». Assim, «mais do que nunca», a revitalização do espaço urbano e a resolução de «aspectos críticos», como o estacionamento, serão «determinantes» para o sucesso deste sector. Apesar de considerarem que os centros comercias vão contribuir para «o reforço da centralidade» do comércio do centro urbano da Guarda, os autores do estudo alertam que os estabelecimentos que «não se diferenciarem da oferta do centro comercial» enfrentarão momentos «muito difíceis».

Outra conclusão revela que os mais jovens compram «tendencialmente fora da Guarda e nas grandes superfícies», daí que o surgimento de “shoppings” na cidade «contribuirá para uma maior fixação» do consumo daquela faixa etária. Foi possível constatar também que são as classes com maior poder de compra aquelas que «mais consomem fora do distrito», sendo que essa tendência poderá mudar com a abertura dos centros comerciais na cidade. Sectores como os do vestuário, livros e cd’s, bijutaria a perfumaria são os que vão encontrar «maior dificuldade concorrencial» com o aparecimento dos centros comerciais. Deste modo, sugere-se que o comércio de rua «tenha o cuidado particular de se diferenciar» ou então «uma boa grande parte desaparecerá». Também os horários deverão ser alterados de acordo com este estudo, uma vez que 13 por cento dos guardenses inquiridos faz compras na hora do almoço e 15 por cento depois das 19 horas. «Até que ponto um horário das 10 às 14 e das 16 às 20 horas não seria bem sucedido, sobretudo em zonas com centralidade comercial?», desafia a ACG.

Ricardo Cordeiro

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