Durante o último ano escolar foram vários os casos de violência, relatados na comunicação social, que ocorreram nas escolas portuguesas. A maioria das noticias envolvia supostas agressões físicas e verbais a docentes por parte pais e alunos. Apesar do mediatismo destes comportamentos desviantes, é a violência entre os próprios colegas que mais marca o dia a dia de uma escola. Comportamentos agressivos de alunos mais velhos, fortes ou mesmo mais populares sobre colegas mais novos e menos populares, vitimas de rejeição social é um fenómeno conhecido por “Bullying”.
O termo “Bullying” tem as suas raízes na língua inglesa, sendo usado com maior frequência para descrever uma forma de assédio perpetrado por alguém que está, de alguma forma, em condição de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.
O bullying não é um fenómeno recente, existe desde sempre nas escolas, onde um colega mais fraco era escolhida para ser o alvo dos comentários dos restantes. Este atitude desviante é constituída, segundo os especialistas, por um comportamento agressivo e negativo, executado repetidamente e onde o relacionamento entre as partes é desequilibrado para um dos lados.
O bullying é, ainda, dividido em duas categorias: o bullying directo e o bullying indirecto. O primeiro é mais comum em agressores masculinos, ao passo que o segundo, é a forma mais comum em agressores do sexo feminino e crianças pequenas, sendo caracterizado por um isolamento social da vitima.
São vários os sinais que indicam que a vitima pode estar a ser alvo de bullying, como por exemplo, a mudança repentina na assiduidade e no desempenho escolar, a perda de apetite, sintomas físicos como dores de cabeça e de barriga, pesadelos, quebra de auto-estima e súbitas mudanças de humor.
Sendo um fenómeno tão importante no desenvolvimento cognitivo, social e emocional de um aluno, a ciência não poderia deixar de intervir na tentativa de indicar algum caminho para contornar este problema. Neste sentido, não é de estranhar que o Instituto Superior Técnico esteja a desenvolver um software interactivo para ajudar as crianças entre os 9 e os 11 anos a lidar com a problemática do Bullying. Este programa informático é constituído por 30 episódios distintos, podendo cada um deles gerar várias situações, dependendo dos conselhos que as crianças derem às personagens.
Nesta versão, que estará disponível gratuitamente para as escolas, sendo apenas necessário realizar o download do software, os jovens poderão aconselhar as vitimas a seguir determinado comportamento, por exemplo, denunciarem as situações aos pais ou professores, ou mesmo ripostarem. Esta versão do software foi baseada no versão inglesa que já se encontra a ser testada por mais de mil crianças em escolas inglesas e alemãs.
O programa tem como objectivo que os alunos criem empatias com as vitimas, e que numa situação real possuem as ferramentas para lidar com uma situação destas.
Esta ferramenta informática é um instrumento interessante para combater um problema crescente nas escolas, contudo, a principal estratégia passa por denunciar e actuar de forma firme perante estes casos.
Por: António Costa