Há duas semanas, pela primeira vez em 20 anos de Observatório de Ornitorrincos, referi o conflito na Síria. Três dias depois, o regime de 50 anos da família Assad caía. Por isto, a semana passada preferi não escrever a crónica habitual, temeroso do poder de alterar a geopolítica mundial que esta coluna manifestamente exibiu. Metade da Síria está agora sob controlo de um grupo islamita woke, uma espécie de fundamentalismo islâmico versão Ivy League. Lá para 2044 voltarei a este assunto.
Felizmente, pela nossa Europa, tudo igual. A cobardia temerosa do Ocidente prepara-se para entregar à Federação Russa umas províncias da Ucrânia, o resto da Geórgia, uma futura ocupação dos países bálticos, mais uns biliões por gás e petróleo e uma espada sobre o nosso futuro. Optimismos é o que o leitor pode esperar nesta coluna.
Em Portugal, o sol radioso de Novembro é tão encantador como a análise feita pelo Presidente da República à situação da economia portuguesa. Não é um calor dos diabos, mas caramba, não é uma chuva permanente, e comparado com outros países onde neva desde Outubro, não é nada mau.
Por aqui, no interior do país, o povo aguarda ansiosamente pelo dia 1 de Janeiro para poder finalmente ir ao litoral sem pagar portagens. Teme-se que no dia 2 de Janeiro a população dos distritos da Guarda e de Castelo Branco sofra uma diminuição na ordem dos 75%, estando já em alerta vermelho as forças policiais de concelhos como Figueira da Foz, por causa do primeiro banho de mar, ou de Coimbra, por causa da Primark.
Finalmente, cá por casa, o Natal vai ser comemorado da forma habitual, com os ensinamentos cristãos de abnegação, alegria e sofrimento, trazidos pelo menino que nasceu em local humilde e haveria de morrer crucificado, o treinador do Sporting João Pereira.
*o autor escreve de acordo com a antiga ortografia