Óscar para melhor ator

Escrito por Diana Santos

O ano de 2024 está prestes a terminar e, se houvesse um Óscar para Melhor Ator na categoria de drama político, Sérgio Costa seria o vencedor.
Passaram mais de três anos desde que o movimento “Pela Guarda” iniciou este mandato autárquico. Três anos depois, o que a Guarda ganhou foi pouco mais do que uma mão cheia de nada.
O primeiro ano foi o ano do benefício da dúvida, o segundo foi o ano de algumas constatações e desilusões e o terceiro foi o ano da comprovação: a Guarda está perante a gestão mais incapaz da sua história.
Sem qualquer estratégia, planeamento ou visão, assistimos a um descontrolo nos gastos públicos, com aquisição de bens e serviços de utilidade duvidosa, numa gestão pouco recomendada para quem almeja construir futuro.
O movimento “Pela Guarda”, sem trabalho para mostrar, sem projeto para convencer e com o saldo em franca e rápida decadência, não iludiu os partidos políticos PS e PSD que, ao terceiro ano de mandato, perceberam que, sendo esta uma gestão à deriva, teriam que se afirmar enquanto principais defensores dos interesses da Guarda.
No final de 2023, perante um orçamento sem qualquer prioridade definida e onde se evidenciava o caos da atual governação, que culminou com a demissão da então vereadora responsável pelo pelouro financeiro, a oposição mostrou um claro cartão vermelho ao descontrolo do “PG”. Importa esclarecer, no entanto, que o município da Guarda nunca ficou sem orçamento em vigor. Sérgio Costa governou em 2024 com o plano orçamental de 2023, o que lhe permitiu gastar os mesmos recursos – ou até mais, graças às revisões orçamentais aprovadas pela oposição.
Porém, quando não se têm resultados para apresentar, simula-se. E assim foi.
Saberá Dante que o verdadeiro Inferno se encontra na Guarda e que o nosso edil é o genuíno guerreiro que faz frente às tormentas autoinfligidas pela terrível oposição?
Aprimorando a narrativa da vitimização nas incontáveis sessões da “Agenda 2040”, palco itinerante de expiação, Sérgio Costa percorreu freguesias, bairros, comércios e associações, reforçando a mesma mensagem: a culpa é da oposição, que chumbou o orçamento; sem orçamento, não há dinheiro. O que Sérgio Costa não disse nem diz é que nunca deixou de ter um orçamento em vigor, que nunca faltou dinheiro e que a culpa do insucesso desta gestão é sua. Sua, em exclusivo, já que a equipa que o acompanha não tem voz nem poder de decisão.
Esta é uma digressão exigente para um só ator. Que, pelo menos, se perpetue o esforço de tal périplo em registo fotográfico – também esse pago à parte. Agora, com o orçamento para 2025 viabilizado, o guião precisa de ajustes: onde se lia “orçamento”, leia-se “empréstimos”. O espetáculo continuará, pois, enquanto presidente da autarquia, Sérgio Costa não tem outro trunfo além da retórica de vitimização.
Com apenas nove meses para o término do mandato, resta a pergunta: como fazer o que não foi feito com o tempo e os recursos já extintos?
A arte de bem gerir exige competência – e essa não está ao alcance de todos.

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Diana Santos

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