Quebrar em caso de emergência

Escrito por Diana Santos

Para responder a situações de perigo, onde, de alguma forma, a segurança, ou até a vida, de alguém possa ficar comprometida, existe um objeto de intervenção que nos auxilia a partir vidros eficazmente. Certamente já se deparou com uma sinalética com a seguinte mensagem, escrita a cor vermelha: “Quebrar em caso de emergência” e reparou num pequeno, mas crucial objeto, em forma de martelo. Com a ativação deste mecanismo, pretende-se a libertação e a segurança. Se projetarmos esta imagem para um domínio mais universal, sem renunciar ao particular, – este da proximidade – poderemos imaginá-lo como um recurso para a salvação do futuro. Imaginemo-lo, então, aplicado à cidade da Guarda.
Se houvesse um dispositivo com estas características e em causa estivesse a salvação da cidade mais alta de Portugal continental, esta seria a hora em que eu pegaria no respetivo objeto e quebraria o vidro para libertar a cidade e garantir a sua continuidade no amanhã. Acredito que muitos se juntariam a mim e que o vidro se partiria sem dificuldade, por sermos tantos no mesmo intento.
Os alarmes do nosso estado de emergência soam já há muito, num som tão estridente que fez com que tantos concretizassem a fuga, numa migração para cidades de futuro livre de estagnação. Vivemos com o triste fado de sermos menores, porque não podemos ser iguais quando não temos os mesmos direitos, recursos, alternativas e oportunidades. Estamos privados da evolução, alimentados pela narrativa de populistas que nos dizem que não devemos reclamar, pois basta-nos o aquém. Desde saúde, educação, cultura, ócio, emprego, conhecimento, habitação, comércio, até à alimentação, estamos completamente limitados à irrisória e precária oferta que existe nesta redoma em que vivemos. Se queremos alternativas, qualidade, diversificação, sabemos que temos que procurar noutro lugar e, se o temos que fazer, somos menores, porque estamos limitados no lugar e no tempo onde deveríamos ter tantas ou mais oportunidades e alternativas do que as que os outros têm.
Como é que nos deixámos chegar a este estado de atraso estrutural? Explica-se com a incompetência e falta de visão de quem tem gerido a nossa Câmara Municipal. Mas como é que pessoas de tão parca bagagem conseguem chegar a estes lugares de liderança? Pela narrativa, pela mentira que usam repetidamente para nos convencer a entregar-lhes o nosso voto. Os maus políticos, que conseguem ser hábeis na arte de iludir, passam no primeiro teste, que é o da eleição, e usam a mesma estratégia para camuflar o mau trabalho, mentem, simulam e iludem quando não têm obra que ateste qualquer mérito. Fazem festas para fazer esquecer a crítica, distribuem cheques e empregos para calar descontentes e assegurar votos futuros, culpabilizam as vozes que evidenciam os factos para que ninguém se aperceba deles.
Meus caros amigos conterrâneos, usemos o nosso martelo de salvação para partir o vidro desta redoma que nos quer estagnar e condicionar. Somos muito maiores do que nos querem tornar e merecemos uma cidade mais evoluída.
Se não sabem governar, vamos relembrar-lhes de que F’s somos feitos. A Guarda fez-se de um Povoador, não podemos aceitar que seja reino de impostores de trajes de gala a brincar aos carnavais. É urgente quebrar este vidro.

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Diana Santos

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