Acho que a eleição de Trump não é muito importante para inverter a interioridade em que todos vamos caindo a cada geração que passa! Penso que com a Harris a situação seria exatamente a mesma! Contra o interior marchar, marchar!
Não vou entrar em detalhes sobre a cobertura, ou a sua presencial ausência nas eleições americanas, porque seria desagradável para uma classe que um pouco por todo o lado se engana muito, mas que os enganos são tolerados e a maior parte das vezes esquecidos. Estou a falar dos jornalistas, que cada vez menos são vistos como referências de verdade e rigor. A culpa não será porventura dos que ganham os míseros ordenados, sem horários, a trabalharem em condições deploráveis, enquanto os seus diretores e editores vão amansando a ira dos administradores que, por sua vez, são servis ao poder económico e político.
No momento singelo em que os restos mortais são transladados para o Panteão Nacional, não fica mal recordar as suas palavras sobre o jornalismo: «É o grande dever do jornalismo fazer conhecer o estado das coisas públicas, ensinar ao povo os seus direitos e as garantias da sua segurança, estar atento às atitudes que toma a política estrangeira, protestar com justa violência contra os actos culposos, frouxos, nocivos, velar pelo poder interior da pátria, pela grandeza moral, intelectual e material em presença de outras nações, pelo progresso que fazem os espíritos, pela conservação da justiça, pelo respeito do direito, da família, do trabalho, pelo melhoramento das classes infelizes». (Eça de Queirós, Jornal Districto de Évora, nº 1, 6 de Janeiro de 1867)
Da “comentadorice” colhida e escolhida a dedo nada me surpreende, e a figura entristecida como os ouço e vejo só me fatiga alguma sensatez que resiste em mim perante as verdades absolutas que mudam a cada passo e espaço. Como sou comentador e tenho Carteira de Jornalista, tenho que me limitar a quase calar, sem, contudo, consentir algumas diatribes que nem sempre são honradas e raras vezes raiam a coerência!
Às vezes apetece ser a abelha que diz às moscas que mel é melhor que merda, mas, como bem diz Luis Fernando Veríssimo, «tem muita gente honesta neste país. Só não se identificam para não ficar de fora se aparecer um bom negócio».
Mudando de agulha. Vai reabrir com uns anos de atraso, umas derrapagens enormes nas empreitadas, salvaguardadas a favor dos mesmos por contratos leoninos feitos por excelsos escritórios de advogados, a linha da Beira Alta. Não sei se esta reabertura parcialíssima do troço Celorico da Beira-Vilar Formoso vai servir para as comemorações do 25 de Novembro de 1975, uma data muito querida do Melo de Olivença e correlativos?
Já vi o horário e, mais uma vez, me parece completamente desadequado porque poderia permitir, ainda que transitoriamente, que se pudesse fazer um transbordo para o Intercidades da Beira Baixa para que as pessoas de Celorico da Beira e Vilar Formoso se possam deslocar ao Barracão, Benespera, Maçainhas, Belmonte-Caria e, eventualmente, à menos importante cidade de Lisboa, num confortável comboio muito rápido.
Não vou escrever muito mais, senão ainda entro no rol dos da língua azul e lembrar alguém de quem partilho muito pouco da sua obra, Nietzsche: «Não foi o conflito de opiniões que tornou a história tão violenta, mas sim a fé nas convicções».
Deitar veneno no champanhe!
“Às vezes apetece ser a abelha que diz às moscas que mel é melhor que merda, mas, como bem diz Luis Fernando Veríssimo, «tem muita gente honesta neste país. Só não se identificam para não ficar de fora se aparecer um bom negócio».”