O Governo aprovou uma medida que poderá ser muito relevante no apoio à cultura, a entrada gratuita em museus e monumentos 52 dias por ano. A gratuitidade é para portugueses e residentes nos museus e monumentos de tutela pública, que assim deixa de se restringir a domingos e feriados. Uma medida considerada “fundamental” para atrair mais visitantes a museus e monumentos nacionais e atrair os mais jovens.
A medida foi anunciada em maio, no Dia Internacional dos Museus, mas só na semana passada foram divulgadas as caraterísticas do plano que permitirá o acesso gratuito, 52 dias por ano, aos museus, monumentos e palácios de tutela pública. Falamos, entre outros, do Convento de Cristo, em Tomar, do Mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça ou da Batalha, do Museu Nacional da Música, em Mafra, do Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, dos museus nacionais de Arte Antiga e de Arte Contemporânea, em Lisboa, ou do Paço dos Duques, em Guimarães.
Infelizmente não está incluído nesta lista o Museu da Guarda, que fazia parte da rede de museus nacionais, mas que, após negociação entre a Câmara e o Ministério da Cultura, quando Álvaro Amaro era presidente da autarquia, passou a ser gerido pelo município em 2015 (no meio de um entusiasmo paradoxal que passava pela implementação do “Quarteirão das Artes”… a ideia morreu e o Museu Regional da Guarda foi desclassificado!). Mas se é mau que o Museu tenha saído da tutela nacional, pior é que deixou de ter uma dimensão regional (distrital) e ao longo dos últimos anos não conseguiu conquistar novos públicos – ainda que o Museu da Guarda tenha desenvolvido novas iniciativas e inclusive a criação de eventos, muito para além do apoio às respetivas coleções, deixando de ser um museu fechado sobre si mesmo, como era há 10 anos. E teve mesmo a ambição de apresentar coleções e artistas de renome, mas, mesmo assim, não conseguiu afirmar-se no panorama nacional de rotas de cultura. Por isso, num tempo em que os turistas andam por todo o lado e os monumentos nacionais e museus batem recordes de visitantes, a Guarda tem de apostar na promoção turística e cultural, tem de ter mais centros de arte e tem de promover uma rede cultural que permita aos visitantes ficarem na cidade mais do que um dia para conhecerem o património artístico e cultural da cidade e região. A Guarda tem de aproveitar a capacidade de atração de visitantes do Museu do Côa (e das Aldeias Históricas, dos castelos da Raia ou do turismo de natureza). E recuperar a ideia de ter um museu de arte contemporânea (que é feito do projeto da Casa da Legião, que em 2022 chegou a merecer uma consulta pública para eleger se devia ser um parque de estacionamento ou um centro de arte contemporânea?!!!), entre outros núcleos de interesse cultural. E tem que requalificar o Centro Histórico e as casas da Praça Velha, mais visitas encenadas, mais coleções, recuperar o SIAC – Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (?), tem de investir na Cultura…
O turismo cultural é não apenas o eixo mais dinâmico em todo o mundo, como é, também, o que deixa mais dinheiro em todos os locais, pois o turista que vai aos museus, aos centros de arte ou visita património cultural é o que tem mais capacidade financeira, mais tempo para fruir e gasta mais dinheiro nos locais que visita. Há benefícios imateriais, como a preservação do património artístico e cultural, e benefícios materiais incomensuráveis com o impacto na economia, na criação de emprego e na geração de riqueza. A Guarda tem de entrar urgentemente na rota do turismo cultural.
Apostar na Cultura
“A Guarda tem de apostar na promoção turística e cultural, tem de ter mais centros de arte e tem de promover uma rede cultural que permita aos visitantes ficarem na cidade mais do que um dia para conhecerem o património artístico e cultural da cidade e região”