«A robustez deste concurso é enorme porque a forma como trabalhamos gera um escrutínio de vinhos de enorme qualidade». Quem o diz é Aníbal Coutinho, que preside ao júri do Concurso de Vinhos da Beira Interior há vários anos.
A afirmação do também jornalista e enólogo surge após a participação num concurso internacional no México com 10 mil amostras. «Fui presidente de uma mesa e lá as mesas são constituídas por cinco elementos. Aqui, por exemplo, fazemos uma mesa única de 12 elementos, em que todos provam tudo, logo a robustez dos resultados é enorme», sublinha. A presidir ao júri há mais de dez anos, Aníbal Coutinho realça que de ano para ano há cada vez mais «consistência» na Beira Interior. «Há cada vez mais produtores com um nível de qualidade superior. Quando cá cheguei, era como se houvesse duas divisões e agora já não se sente isso. As cooperativas, por exemplo, têm feito um esforço de atualização técnica e neste momento competem com os produtores privados de forma igual e os resultados mostram isso», sublinha.
Quanto ao futuro do setor, Aníbal Coutinho considera que a região está «um pouco mais preparada» para as tendências do mercado, «que pedem vinhos mais leves e também de cores mais leves». Lembrando que os tintos «estão em queda em todo o mundo», daí falar-se agora em medidas de destilação em Portugal devido ao excesso de produção, o crítico e produtor de vinhos destaca que as mais-valias da Beira Interior estão nos brancos e rosés. «São de enorme qualidade, muito naturais, com uma excelente acidez, frescos e creio que esta região pode ser um farol para a mudança que tem que se fazer em Portugal nos próximos anos», afiança Aníbal Coutinho.