P-Como está a Federação Portuguesa de Esqui?
R – Passámos quase quatro anos com problemas internos, que nos fizeram perder o estatuto de Utilidade Pública Desportiva. Foram tempos muito difíceis, pois ficámos impedidos de fazer o nosso trabalho. Felizmente, esses problemas ficaram resolvidos em Julho passado, o que nos permitiu reaver o estatuto. Actualmente, podemos dizer que a FPE está a viver uma nova fase e um ciclo olímpico.
P – Estes problemas dizem respeito à polémica à volta das eleições?
R – Também, mas não só. Os mais graves verificaram-se com as facilidades desportivas que eram concedidas e com actuações menos lícitas. Nós achamos que tem que haver respeito por todos os atletas e não pode haver acordos nem vencedores em secretaria. Mas isso já está resolvido, caso contrário não teríamos o reconhecimento oficial dos cinco organismos nacionais e internacionais em que estamos filiados.
P – Um dos objectivos da FPE é ir aos Jogos Olímpicos de 2010. Acha que é possível?
R – É exequível e tem de ser possível. Sabemos que vai ser difícil, porque requer muito trabalho e um grande empenho dos dirigentes e atletas da Federação. A curto e médio prazo temos dois objectivos a cumprir, que são a presença nos Jogos Olímpicos de 2010 e 2014. Penso que, na Serra da Estrela, temos todas as condições para treinarmos, para além de dois cursos ligados ao desporto, nomeadamente na Universidade da Beira Interior e no Instituto Politécnico da Guarda. Quanto às condições técnicas, as coisas já são um pouco mais complicadas, porque exige-se treino constante. Pensamos aproveitar também os dois protocolos celebrados com Andorra e a Catalunha. Por outro lado, temos que massificar o desporto de alta competição nos escalões mais jovens e nesta época alguns deles já vão participar em cinco competições. A ideia é adquirirem experiência para poderem enfrentar os desafios das qualificações para os Jogos Olímpicos de 2010. Outra aposta está nas comunidades portuguesas radicadas nos países com neve, como a Suíça, Áustria, França, Espanha, Andorra e Canadá. Uma jovem emigrante na Suíça já está a treinar para 2010, enquanto um rapaz de oito anos poderá estar apto paras os Jogos de 2014.
P – O que pensa do projecto de ampliação das pistas da Torre?
R – Esse projecto é, na nossa opinião, imprescindível. Uma das coisas que defendemos é a criação de uma pista de competição que nos permitiria uma prática efectiva para o treino. O que é difícil neste momento, principalmente aos fins-de-semana e nas quadras festivas. Acreditamos que essa pista é possível e viável, até porque a Turistrela está receptível à ideia, uma vez que estaria aberta a todos os utentes e seria benéfica para a própria estância, porque o desporto é um dos maiores meios de promoção. Quanto maior for o número de atletas de alta competição, maior será também o número de praticantes de lazer.
P – Esta é uma das cinco federações que existem fora de Lisboa. Isso traz inconvenientes ou vantagens?
R – No nosso caso traz benefícios, visto que o único ponto onde há neve em Portugal é na Serra da Estrela. Trazer a Federação para a Covilhã foi uma luta, porque havia a noção de que este tipo de instituições devia fixar-se na capital. Só em 1992 é que foi possível fixar a sede da FPE na Covilhã, o que tem toda a lógica porque está perto da Serra. Este ano já teremos um licenciado em Desporto na UBI a trabalhar connosco em moldes profissionais. Já Dani Silva, que está a treinar na Finlândia para os Jogos Olímpicos de 2010, também pensa instalar-se depois na Covilhã, passando a ser nosso preparador e técnico.