1. Já vai longa a campanha eleitoral. Ou melhor, desde que a 7 de novembro António Costa apresentou a demissão e dois dias depois o Presidente da República convocou eleições legislativas, passaram muitos dias de vida política ativa e frenética campanha.
Cumpriram-se alguns dos rituais, próprios do período eleitoral, com muitos debates, comícios e arruadas (que já não são como antigamente), com promessas e discursos de intenções. E muita demagogia. Ou que, mesmo não havendo dúvidas que a governação em tempos curtos e as mudanças de orientação impliquem quase sempre a interrupção ou rutura de planos determinantes para a metamorfose que todos reclamamos, os períodos eleitorais são vividos intensamente e sempre com enorme expetativa sobre as dinâmicas eleitorais ou a escolha de caminhos.
Seja como for, quando há eleições, devemos celebrar e ser otimistas sobre os novos tempos que se anunciam. E é assim que devemos sentir o atual momento, com alegria (democrática) e grande esperança sobre o futuro. Votar é um direito e um dever.
Segundo os estudos de opinião, um quinto do eleitorado ainda não decidiu em quem votar. E, parece, quanto mais os políticos “falam”, quanto mais debatem, quanto mais “esclarecem”, mais indecisos há. Mas o apelo ao voto útil, que irá dominar os últimos dias de campanha, irá reduzir a dispersão eleitoral e concentrar a bipolarização entre AD e PS – cada voto conta!
2. Na passada quinta-feira organizámos (o Jornal O INTERIOR, a Rádio Altitude e o Nerga) o único debate com todos os cabeça de lista das candidaturas com assento parlamentar. No seguimento de uma proposta que apresentámos em janeiro à associação empresarial, e aberto à presença do público (assistiram centenas de pessoas), além da transmissão em direto nas plataformas digitais de O INTERIOR e na Rádio Altitude, procurámos contribuir para o melhor esclarecimento da comunidade e para a elevação do debate. Foram duas horas de vida democrática em que os candidatos a deputados pelo círculo da Guarda puderam erguer as suas bandeiras e apresentar os seus argumentos. Foi um momento de serviço público e afirmação da comunicação social, num tempo em que a imprensa regional é ostracizada e as rádios locais sofreram mais um ataque à sustentabilidade com a eliminação dos tempos de antena nas emissoras regionais (que estão agora concentrados nas rádios nacionais de Lisboa e nas televisões, às quais o Estado paga milhares de euros). Apesar disso, e mesmo com a solicitação da APR e a decisão de mais de 80 rádios em boicotarem as eleições legislativas, a comunicação social da região optou por estar ao serviço da população, realizando um excelente serviço público, por vezes esquecido ou até menosprezado, mas a verdade é que os jornais e as rádios da Guarda e região não só não boicotaram a campanha como acompanharam informativamente e divulgaram as principais incidências, com os parcos recursos que têm, e contribuíram para o debate, a divulgação de programas e o esclarecimento dos eleitores.
3. Segunda-feira, na Rádio Altitude, moderei o debate entre as cabeça de lista do PS, Ana Mendes Godinho, e AD, Dulcineia Catarina Moura. Duas candidatas, duas mulheres, um excelente debate.
Num momento em que celebramos os 50 anos de Abril, somos surpreendidos por um discurso retrógrado, misógino e machista, nomeadamente nas redes sociais (a impunidade é um gatilho para a disseminação de violência verbal), que não podemos tolerar.
Entretanto, em França, o direito ao aborto foi inscrito na Constituição – um passo em nome da liberdade, dos direitos da mulher e uma mensagem histórica ao mundo inteiro: «o corpo das mulheres pertence-lhes e ninguém tem direito a dispor dele em vez dela», disse o primeiro-ministro francês enquanto recordava Simone Veil.
Cada voto conta
“Segundo os estudos de opinião, um quinto do eleitorado ainda não decidiu em quem vai votar”