A Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda – IPG está à procura de uma empresa de dispositivos médicos com interesse na concessão da patente internacional do “penso inteligente” criado pelos seus estudantes e investigadores para produzir para o mercado internacional. Este penso tem o nome académico “Colorwound” e obteve em dezembro de 2023 a patente internacional: está agora pronto para iniciar o processo de certificação para ser aprovado pelo Infarmed, em Portugal, e pela Agência Europeia do Medicamento.
O penso criado na Guarda indica pelas cores que assume se as feridas têm focos de infeção ou se já estão a cicatrizar. “Acreditamos que o ‘Colorwound’ tem enorme interesse para os profissionais de saúde e, portanto, muito potencial de mercado”, afirma Sónia Miguel, docente e investigadora de Ciências Biomédicas e Bioanalíticas do IPG e uma das responsáveis pelo projeto. “Quando este penso inteligente foi um dos vencedores do concurso Poliempreende em 2021, recebemos manifestações de interesse por parte da indústria: agora que patenteámos a ideia e os métodos, queremos associar-nos a um desses parceiros para colocar o penso no mercado e torná-lo acessível, desde logo, aos profissionais que trabalham em meio hospitalar.”
O “Colorwound” visa proteger, tratar e monitorizar as feridas. Terá agora de ser testado ‘in vitro’, em animais e, por último, em seres humanos, cumprindo todos os passos necessários à sua certificação. “Este é um processo exigente que faz sentido ser cumprido com um parceiro industrial que tenha interesse em produzir e comercializar o penso em larga escala”, afirma Sónia Miguel. “É uma ideia simples, mas muito inovadora e eficaz que responde com precisão à dificuldade de saber o momento certo para substituir os pensos dos pacientes”. Segundo a investigadora, o novo penso “é também um contributo para a redução de custos e desperdícios associados aos cuidados primários de tratamento de feridas”.
O penso “Colorwound” está equipado com um biomarcador que permite detetar as variações de pH no leito da ferida através da mudança de cor. O penso é originalmente de cor vermelha, mudando para a cor rosa quando fica infetado (pH maior que 7), isto é, quando deteta a presença de exsudado e ou microrganismos, característicos do processo inflamatório causado por infeções. Nestas situações, quando o penso muda de cor alerta de imediato os profissionais de saúde para a necessidade de o substituir.
É também possível saber quando o penso já está a tratar a ferida. Neste caso, a cor vermelha transforma-se gradualmente em amarela, revelando a sua cicatrização (pH menor que 7). “É um penso que protege, que trata e que monitoriza as feridas crónicas em ambiente hospitalar, facilitando o trabalho dos profissionais de saúde e garantindo aos utentes um tratamento mais cuidado e controlado”, afirma Sónia Miguel. “É o exemplo de como podemos transformar a investigação académica em inovação, concebendo produtos ou serviços com valor prático para a sociedade”.
Tudo começou em 2021 quando o projeto “Colorwound” venceu a edição regional do Poliempreende e, depois, alcançou o terceiro lugar da fase nacional do concurso. Da equipa da Escola Superior de Saúde faziam parte as docentes Sónia Miguel e Carla Castro, as alunas Ana Filipa Nunes e Catarina Dias, do curso de Biotecnologia Medicinal e o aluno Guilherme Alves, do curso de Engenharia Informática.
“É uma ideia simples mas inovadora, que diz com precisão qual é o momento certo para substituir os pensos aos pacientes”