«O que importa para a Guarda do futuro? A resposta não é simples», começou por proferir Veiga Simão, no seu Elogio à Guarda, durante a sessão solene comemorativa dos 807 anos da cidade. No feriado municipal, o ex-ministro e diplomata não poupou elogios à sua terra natal e deixou alguns conselhos para o futuro.
«Importa hoje perspectivar as potencialidades da Guarda e maximizar o aproveitamento das oportunidades que lhe oferece a economia e a sociedade do conhecimento», aconselhou o professor, com 77 anos. Acrescentando ainda que «importa descortinar uma visão criativa que seja simbiose de uma ruralidade emergente e de um desenvolvimento regional sustentável, suporte de qualidade de vida atractiva, e de domínio da inteligência guardense nas novas tecnologias». Segundo Veiga Simão, o futuro da Guarda passa pela criação de uma marca para «produtos tradicionais e bens culturais e, em simultâneo, incentive as instituições e as pequenas e médias empresas, designadamente, de base tecnológica ou cultural». O ex-ministro realçou também a necessidade de uma estratégia integrada na região, mas também com a vizinha Espanha e rumo à Europa. «Não é fácil, nem possível, conceber um percurso solitário pelos guardenses e só por eles», garantiu, antes de lamentar, parafraseando Pinharanda Gomes, que sejamos «uma terra que demora a assumir o que lhe é próprio». Por isso, para o início do terceiro milénio, o ex-ministro exige que «a Guarda seja uma terra a mover-se com a velocidade imposta pelas tecnologias de informação e de comunicação».
Ou seja, que a cidade «seja agressiva na ambição», desafia, deixando alguns conselhos: «Às tormentas das crises deve sobrepor-se a confiança em vencer desafios», pelo que, para atingir o equilíbrio necessário, são «urgentes políticas públicas e estratégias empresariais inteligentes e uma cumplicidade dinâmica e transparente». O orador alertou ainda para a urgência da construção da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), desejando que, em torno dela, se desenvolva um pólo de competitividade sustentado por uma Carta Regional da Competitividade articulada com a Estratégia de Lisboa, o Plano Tecnológico e o Quadro de Referência Estratégica Nacional. «Inadiável» é também a definição das valências do Hospital da Guarda, «em complementaridade com a Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior e com o Instituto Politécnico da Guarda». E enquanto recordava a sua meninice na cidade mais alta foi deixando alguns recados às entidades competentes, como a ausência do velho órgão da Sé Catedral ou dos merecidos vitrais, para já não falar da ausência do relógio da Sé e do esquecimento a que foi votada a capela do Mileu, «essa jóia preciosa da cidade», considerou.
Por sua vez, o edil guardense realçou a crise do último ano, que «obrigou a esforços redobrados». Joaquim Valente aproveitou a ocasião para reiterar os «cinco pilares» da sua gestão camarária. São eles a «racionalização, inovação, adequação, mobilização e a continuidade na acção». Por tudo isto, Joaquim Valente confia que «os próximos anos serão, por certo, melhores». Na sessão foi atribuída a medalha municipal de mérito a José Martins Igreja, antigo presidente da Assembleia Municipal, e a medalha de ouro à Associação Comercial da Guarda pelos 100 anos de existência.
Patrícia Correia