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Uma estrada problemática

Requalificação da EM 527, entre Seixo Amarelo e Gonçalo, demora a avançar e os utilizadores queixam-se

Circular na Estrada Municipal 527, entre o cruzamento da EN 18-1 e as freguesias de Seixo Amarelo e Gonçalo, no concelho da Guarda, pode revelar-se uma tarefa bastante árdua, principalmente quando se encontra outro veículo pela frente. É que a via, além de ser bastante estreita, tem o piso em muito mau estado e, para piorar ainda mais o cenário, não tem as bermas devidamente limpas, apresentando mato e silvas nalguns pontos.

A situação torna-se ainda mais caricata, já que alguns populares garantem terem sido colocadas duas placas, antes das últimas autárquicas, a indicarem que a beneficiação da estrada custava cerca de 590 mil euros e teria um prazo de execução de 366 dias. Ou seja, de acordo com aquelas sinaléticas, colocadas na extremidade dos cerca de 10 quilómetros da via em questão – uma à saída de Gonçalo e outra no cruzamento da EN 18-1, que liga Vale de Estrela a Valhelhas, os trabalhos, a cargo da empresa Chupas e Morrão, já deveriam estar concluídos. O problema é que ainda nem começaram. «Isto para mim foi uma estratégia de caça ao voto. Falamos com o presidente da Junta e ele diz que ainda não está fora do prazo. Pois não, e nem daqui por 10 anos vai estar, porque não puseram a data do começo da obra», reclama um morador no Seixo Amarelo, que preferiu não ser identificado. Este utilizador diário da via queixa-se de que o mato nas bermas já lhe estragou a pintura do seu veículo, «porque sou obrigado a encostar-me quando aparece outro carro de frente», isto para além de afirmar que «não há dinheiro que chegue» para amortecedores e suspensões. «Há muita gente daqui a trabalhar na Guarda e todos se queixam. Sabemos que a estrada é estreita e que não podemos ter uma auto-estrada, mas se estivesse limpa e arranjada era outra coisa. Quando chove então é um poço de água, porque não há escoamento nenhum», garante.

Também Luís Salvador, administrador da Joalto, empresa responsável pelo transporte de passageiros para aquelas freguesias, demonstra alguma preocupação com o estado daquela via, adiantando que esta semana vai alertar a Câmara para a situação. O responsável considera que é «urgente tomar algumas medidas», nem que seja, «pelo menos, para limpar as bermas», frisa. É que a estrada «não estreitou de repente, mas há alguns anos atrás estava limpa», constata, frisando que actualmente «as bermas estão invadidas de mato», sendo «extremamente complicado» conduzir por ali. Até porque há pontos em que a via tem apenas cerca de três metros de largura, o problema é que os autocarros têm cerca de 2,30 metros. De resto, as últimas chuvas vieram piorar «ainda mais» o estado da via, por onde circulam diariamente cinco autocarros, três dos quais com passageiros. Aliás, em virtude do mau estado do piso, «somos pressionados pelos motoristas daquele percurso, que, por sua vez, ouvem as queixas dos próprios passageiros» por falta de comodidade. No entanto, Luís Salvador garante que o mau estado da estrada «não é razão suficiente para se colocar em causa a segurança das pessoas».

“O Interior” tentou contactar Firmino Cairrão, presidente da Junta de Freguesia do Seixo Amarelo, para esclarecer algumas questões, nomeadamente o arranque das obras, mas, apesar das várias tentativas, não foi possível chegar à fala com o autarca até ao fecho desta edição.

Ricardo Cordeiro

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