Em primeiro lugar gostaria de cumprimentar o jornal O INTERIOR e os seus colaboradores pelos seus 24 anos de jornalismo na nossa região. Sabemos as dificuldades que um órgão de comunicação social enfrenta no contexto atual dominado pelas redes sociais e pela difusão de notícias, que muitas vezes são inverdades ou contêm erros grosseiros de forma propositada. Necessitamos cada vez mais que a comunicação social continue a assumir o seu papel fundamental e democrático de informação ao cidadão.
No contexto atual de desenvolvimento regional e investimento público nos 50 anos de abril, o concelho da Guarda enfrenta desafios cruciais que requerem a atenção imediata do Governo central e dos responsáveis políticos. No passado dia 27 de novembro, Dia da Cidade da Guarda, apresentámos um conjunto de medidas que para a Guarda são fundamentais e deviam ser um verdadeiro caderno de encargos para todos os candidatos à Assembleia da República pelo distrito da Guarda, lançando a discussão democrática e a fundamental reivindicação que as gentes do nosso território demandam há décadas.
Recentemente tomámos a iniciativa proativa ao endereçar uma carta aos líderes nacionais dos partidos e coligações concorrentes às próximas eleições legislativas, marcadas para 10 de março. Esta carta não é apenas mera formalidade administrativa; é um apelo urgente para a concretização de projetos vitais para o território da Guarda, um distrito de baixa densidade, mas com um potencial imenso para servir de exemplo de progresso e inovação no interior do país.
Entre as obras prioritárias mencionadas, destaca-se a conclusão da segunda fase das obras no Hospital da Guarda, incluindo a área de Psiquiatria. Esta não é apenas uma questão de infraestrutura hospitalar; é uma componente essencial para garantir serviços de saúde de qualidade e acessíveis a todos os cidadãos, além de ser um fator-chave para atrair e reter profissionais de saúde na nossa região. A requalificação dos edifícios históricos e do Pavilhão 1 é outra questão crítica, evidenciando a importância de preservar o património edificado enquanto se fomenta a qualidade das infraestruturas de saúde do nosso distrito.
Adicionalmente, a finalização das obras da Linha da Beira Alta é crucial para o desenvolvimento logístico e económico, especialmente considerando o papel que o Porto Seco da Guarda desempenhará como um “hub” logístico estratégico para a região e o país.
As estradas – variantes dos Galegos e da Sequeira – são projetos sob a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (IP) que merecem atenção especial, dada a sua importância para a segurança e fluidez do trânsito local. A implementação do Plano de Revitalização da Serra da Estrela, elaborado após os incêndios devastadores de 2022, é uma questão ambiental e social premente, refletindo a necessidade de políticas sustentáveis e integradas de gestão de recursos naturais e de fixação de pessoas do maior parque natural do país.
A reabertura do Hotel Turismo, fechado há 14 anos, simboliza a necessidade de revitalização do setor turístico local, dado o exponencial aumento da procura de alojamento, devido ao sucesso dos Passadiços do Mondego e da qualidade da nossa restauração, enquanto a transferência das instalações do Comando Territorial da GNR promete melhorar as condições de trabalho dos profissionais de segurança pública e, consequentemente, a qualidade da segurança pública na região e libertar um espaço no centro da cidade para a criação de uma nova praça, de nome Liberdade, e de uma nova entrada para o TMG.
Enfatizamos a importância da criação de novas residências estudantis para o Instituto Politécnico da Guarda e da construção do IC7, uma ligação estratégica que melhoraria significativamente a mobilidade regional e o acesso a serviços essenciais, fortalecendo as ligações entre a Guarda e Coimbra.
Este apelo à ação e ao compromisso imediato dos líderes políticos, autárquicos e da sociedade civil reflete uma visão de unidade e de trabalho conjunto em prol do desenvolvimento equilibrado e sustentável do país. A Guarda, com o seu conjunto de projetos estruturantes, apresenta-se como um território de oportunidades, pronto a colaborar e a contribuir ativamente para o progresso nacional. O nosso convite aos candidatos a primeiro-ministro para visitarem a Guarda é uma oportunidade para que estes possam compreender, in loco, a importância destas iniciativas não apenas para o concelho e para o distrito, mas para todo o interior do país, numa perspetiva de coesão social e económica nacional.
Portanto, é imperativo que o Governo e os candidatos às legislativas respondam a este apelo com medidas concretas e ações coordenadas, assegurando que a Guarda se mantenha como um exemplo de progresso, inovação e qualidade de vida, ilustrando o potencial inexplorado das regiões de baixa densidade em Portugal.
Nós, tudo faremos para, positivamente, contribuir e dialogar com todos para alcançarmos o sucesso do nosso concelho e de toda a nossa região.
Estes são os únicos combates que vale a pena travar: o combate pelo desenvolvimento da Guarda e de todo o interior e o triunfo da democracia.
* Presidente da Câmara Municipal da Guarda