O melhor amigo do homem é normalmente o cão, mas há cães e há pessoas e há quem eduque os cães na varanda, quem compre animais enormes para apartamentos minúsculos, e há quem lhes ensine os ódios que transporta da infância e há ainda os que lhe premeiam a violência e aqueles que usam os bichos para guerrear. Assim, muitos vizinhos de cães de amigos são mordidos, e muitos amigos dos cães levam ferozes dentadas e muitas crianças são mordidas em casa. A mais azarada de todas as meninas pediu uma cara nova e o Estado Francês pagou o estudo e o transplante da face a quem a perdera nas mandíbulas de um cão. O seu próprio ou o de alguém próximo. Por tudo isto há trelas, e coleiras, e devia haver fortes multas e penalizações para donos de cães que mordem gente. Não sou um amigo da trampa livre nas ruas, nem dos vizinhos que trazem os seus cães para a minha porta e farto-me de suturar gente que foi rasgada por caninos dóceis antes de morder. Tenham lá paciência mas não sou fã destas amizades por bichos peludos com caninos pontiagudos. Prefiro as pessoas que praticam muito sexo e se divertem com gente, que gostam de pessoas vestidas, despidas, pintadas, da mesma cor ou de cores malhadas. Gente com gente, não com gatos ou cães, iguanas ou cobras. Galinha no prato, cão na quinta murada, gente com beijos e bem tratada.
Por: Diogo Cabrita