P – Como surgiu a ideia de fazer um documentário sobre os últimos pastores da Serra da Estrela?
R – A ideia surgiu em 2001, quando estava a finalizar a licenciatura no Politécnico da Guarda. Sempre me fascinou filmar aquilo que eu considero outros mundos. Acho que os pastores vivem num mundo completamente à parte, isolados do nosso mundo, da nossa sociedade e esse isolamento sempre me fascinou. Decidi então partir em busca daqueles que eu acho que são os últimos pastores genuínos da Serra da Estrela, os mais tradicionais. Fui à procura deles e descobri-os num vale, nos Casais de Folgosinho, onde esses tais últimos pastores ainda vivem um pouco à moda antiga, com aquelas tradições e um modo de vida que eu julgava já não existir.
P – Foi o primeiro documentário que realizou?
R – Sim, este é o meu primeiro filme.
P – O que o levou a entrar nesta aventura?
R – Ir à procura de um mundo totalmente diferente do meu e totalmente à parte. Esse vale isolado que encontrei é, de facto, um mundo à parte.
P – O que significa a atribuição do Prémio Especial da Lusofonia na última edição do Cine’Eco?
R – É um imenso orgulho e satisfação receber um prémio tão importante, logo para o primeiro filme e no primeiro festival em que participo. Só nos dá motivação para continuar em frente e para os próximos trabalhos. Intimamente, penso que valeu a pena começar este projecto e reunir toda aquela equipa para o fazermos.
P – Quer continuar na área dos documentários ou pretende realizar algum projecto cinematográfico?
R – Acho que é importante, para já, continuar nesta vertente do documentarismo, porque é uma área de que gosto. Talvez mais tarde, quem sabe, faça algo a nível do cinema, mas penso que ainda falta muito e que há muito trabalho a fazer pelo meio.
P – Que projectos tem para o futuro?
R – Infelizmente, estão irremediavelmente dependentes dos apoios. É obvio que tenho outra ideia já em desenvolvimento e, se o “feedback” deste filme continuar a ser positivo, pode ser que surjam apoios e possa fazer outros trabalhos a partir daí. Estou ainda a fazer outro documentário, intitulado “Coimbra 06/07”, sobre a vida académica naquela universidade, que já está em curso. A ideia é acompanhar cinco estudantes durante um ano, em que eles vão contar as suas histórias e vivências na vida académica de Coimbra.
P – Tem tido muitos apoios ou tem sido difícil arranjá-los?
R – O apoio que temos tido é o das pessoas que gostam do nosso trabalho, mas ainda não temos nenhum apoio institucional ou monetário para este ou outros projectos. O documentário está a seguir o seu caminho natural e espero que, mais tarde ou mais cedo, apareçam apoios para fazermos outro tipo de trabalhos, mas para já ainda não há nada.
P – Neste momento, o que está a preparar ou em que está a trabalhar?
R – Neste momento temos outra ideia para futuros projectos, mas estamos apenas a viver do “feedback” que “Ainda há Pastores?” está a ter. Vamos tentar mostrar o filme a um maior número de pessoas para que conheçam estes pastores, porque foi de facto um dos grandes objectivos do trabalho, dar a conhecer esta gente simples e genuína que ainda existe e está perdida nos montes da Serra da Estrela.