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Guarda vai pedir contas a Sócrates sobre o hospital

Assembleia Municipal ficou a saber que a Câmara não tem meios financeiros para suportar a sua quota-parte dos projectos que falta concretizar na PLIE

A Assembleia Municipal da Guarda vai pedir esclarecimentos ao primeiro-ministro sobre o processo de ampliação e remodelação do Hospital Sousa Martins, parado há um ano. Na última sessão, realizada na semana passada, os deputados aprovaram, por unanimidade, uma recomendação à Câmara para que sejam feitas todas as «diligências para o desenvolvimento do projecto do Hospital».

A sugestão foi apresentada pelo líder da bancada socialista, e presidente da concelhia, que ainda propôs uma audiência com o chefe do Executivo. António Saraiva considerou ser a altura de pedir contas a José Sócrates, que prometeu um «hospital requalificado» para a Guarda durante a campanha das últimas legislativas. «Passados vários governos e outros tantos Conselhos de Administração, a verdade é só uma: a Guarda continua a não ter hospital novo», lamentou o deputado, desconfiando que «algumas areias na engrenagem» possam inviabilizar esta e outras promessas. É o caso da maternidade. Os eleitos estão cada vez mais desconfiados do que possa acontecer a um serviço «essencial para o futuro do Hospital» e defenderam, unanimemente, que «a Guarda não pode ficar sem bloco de partos». Tanto mais que o tema continua em aberto no âmbito da repartição das valências pelas três unidades (Guarda, Covilhã e Castelo Branco) que vão formar o futuro Centro Hospitalar da Beira Interior. Isso mesmo revelou Joaquim Valente: «Segundo informação oficial, as administrações já tinham acertado e aprovado um documento com as valências que ficam em cada unidade. Por decidir ficaram apenas os blocos de partos», disse.

No entanto, o autarca avisou que a Guarda não abdica da sua maternidade. «Seria um absurdo haver um distrito [Castelo Branco] com duas e outro [Guarda] sem nada», sublinhou, considerando que o primeiro-ministro deve «assumir, politicamente, que na Beira Interior há espaço para duas maternidades», conforme garantiu na Assembleia da República. Este assunto e a remodelação parada do Hospital levaram o líder dos deputados social-democratas a usar de alguma ironia. Aludindo ao facto de Valente ser amigo pessoal de Sócrates – um argumento usado à saciedade nas autárquicas de 2005 –, Manuel Rodrigues perguntou: «Já pediram contas ao senhor primeiro-ministro por deixar tão mal os amigos ao prometer publicamente a construção de um hospital e depois se esquecer dos fundos para que os amigos não fiquem mal? Isto é batota política», exclamou. Mas há outras preocupações para a Câmara, a mais premente prende-se com o financiamento da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE). Joaquim Valente afirmou à AM que a autarquia não tem meios financeiros suficientes para suportar a sua quota-parte dos projectos que falta concretizar. «Como só agora foram postos a concurso, a Câmara tem que fazer um esforço muito grande para assegurar os 25 por cento que lhe compete. O problema é que não temos receitas próprias para fazer face aos encargos», confirmou.

Luis Martins

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