P – É o novo presidente da direção dos Bombeiros da Guarda. Quais são as principais necessidades da Associação Humanitária?
R – Como em qualquer Associação, sobretudo nas que sem fins lucrativos, uma das principais necessidades é dispor dos fundos indispensáveis à prossecução dos seus objetivos. Como o dinheiro é um bem escasso, a sua correta e equilibrada gestão são, sem dúvida, o principal desafio que se coloca a qualquer direção. Igualmente necessário é que a AHBVE possa dispor de um corpo de bombeiros dotado de efetivos em número suficiente para o cumprimento da respetiva missão, designadamente porque se tem vindo a verificar nos últimos anos uma diminuição do número de efetivos disponíveis. Vivemos tempos difíceis em que o voluntariado não está propriamente na moda. Ser Bombeiro voluntário implica, muitas vezes, além do que é já em si a dádiva do seu esforço e dedicação aos outros, também muitos sacrifícios pessoais, mesmo de índole económica. Pensamos por isso que é muito importante, e já existe legislação de enquadramento para o efeito, que, à semelhança do que está a acontecer em várias autarquias, se proceda também na Guarda à criação e regulamentação de apoios sociais dirigidos especialmente aos bombeiros do nosso concelho e respetivas famílias, apoios que possam, de alguma forma, minorar as dificuldades com que estes se deparam no seu dia a dia e, não menos importante, que possam ser também, e por parte da sociedade em geral, um reconhecimento do seu papel no bem de todos. Também importa referir a importância de dar continuidade, e porque este é um processo continuo, à renovação da frota de veículos, dos equipamentos de proteção individual, bem como da manutenção do quartel e modernização das respetivas infraestruturas.
P – Como está a situação financeira da instituição?
R – Considero não ser ainda o momento certo para falar desse assunto. Como é sabido, esta direção apenas tomou posse no passado dia 27, sendo que o prazo para a prestação de contas relativo ao exercício do ano anterior ainda só agora começou. Quanto ao orçamento do corrente ano, de acordo com os respetivos estatutos, o mesmo deveria ter sido elaborado, submetido a parecer do Conselho Fiscal, e à aprovação da A, antes do fim do ano transato e em procedimento promovido pela anterior direção, o que não aconteceu. Estamos, por isso, a proceder à sua elaboração com base na informação de que dispomos no presente. Recordo que do programa da Lista A faz parte a realização de uma auditoria à situação financeira.
P – Admite que a sua lista aos órgãos sociais surgiu do descontentamento existente no corpo ativo? O que está mal e como o vai resolver?
R – Essa foi a justificação utilizada pela Lista B para, de alguma forma, tentar explicar o facto de não ter ganho as eleições do passado dia 19. Devo recordar, contudo, que a Lista A foi a primeira a ser entregue e também a apresentar aos associados o seu programa eleitoral. Quando foi promovida, era público e assumido que os atuais dirigentes dos órgãos sociais tinham manifestado a intenção de não continuarem nas referidas funções. Por isso, e se alguma palavra pode ser usada para justificar o surgimento da Lista A, penso que é “preocupação”, com o futuro da Associação, que a todos nos é tão cara. De resto, e como já dissemos, o nosso compromisso é trabalhar em prol da Associação numa filosofia de gestão integrada, contando e dialogando com todos.
P – Após ser eleito, disse que estas eleições tinham contribuído para reaproximar a cidade dos bombeiros? Na sua opinião, o que tem afastado os guardenses dos seus voluntários?
R – O ato eleitoral do passado dia 19 foi participado por mais de 300 associados, número que ultrapassa largamente o de qualquer ato anterior. Muitas destas pessoas nunca o tinham feito e dirigiram-se ao quartel numa noite fria, mas cheia de calor humano, para participarem, e isso é claramente um sinal de vitalidade da AHBVE que a todos nos deve orgulhar. Pela primeira vez os associados tiveram uma alternativa que não fosse a de dar continuidade às direções propostas pelas cessantes. Confesso que, embora tenhamos trabalhado para isso, fiquei surpreendido com a afluência. Quanto à segunda parte da pergunta, penso que se deve a vários fatores. Um deles será seguramente a localização periférica do quartel relativamente ao tecido urbano da cidade. (…) O quartel está um pouco isolado e muitas pessoas apenas vêm os seus bombeiros quando vêm passar as ambulâncias, ou na televisão a combater os incêndios. Também não será de menosprezar o facto de neste momento serem praticamente inexistentes atividades recreativas que envolvam a população e através das quais as pessoas tenham um contato mais próximo com os bombeiros. Por outro lado, e não pondo obviamente em causa o mérito dos envolvidos e o trabalho desenvolvido pelas anteriores direções, também não será de esquecer a política da “lista única” a que foi dada preferência no passado.
P – Daniel Saraiva, segundo comandante da corporação, demitiu-se recentemente. A que se deve esta saída quatro meses após ter assumido funções? Já tem sucessor?
R – Desconheço as razões que motivaram a saída do segundo comandante e as circunstâncias em que o fez. Em última instância, apenas o próprio poderá efetivamente responder a essa pergunta. Contudo, e quanto à sua substituição, esta ocorrerá nos termos dos Estatutos e demais legislação aplicável, sendo competência do comandante propor à direção os nomes dos elementos do Comando.
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JOAQUIM LUÍS COSTA GOMES
Recém-eleito presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses
Idade: 57 anos
Naturalidade: Pinhel
Profissão: Arquiteto e técnico superior da Câmara Municipal da Guarda
Currículo (resumido): Coordenador do GTL da Câmara de Manteigas (novembro de 1993 a fevereiro de 1995); em fevereiro de 1995 ingressou, por concurso público, na Câmara da Guarda, onde ainda exerce funções; Dirigente nos serviços técnicos, como chefe de divisão e diretor do Departamento de Planeamento, Obras e Urbanismo (julho de 2002 a abril de 2014); Integrou, enquanto representante dos municípios da região Centro, o Grupo de Trabalho responsável pela definição das orientações estratégicas de âmbito regional da Reserva Ecológica Nacional (REN); Assistente convidado no Departamento de Engenharia Civil do IPG nos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Topográfica (outubro de 1998 a setembro de 2002); Fez ainda parte da Mesa Administrativa e Conselho Fiscal da Misericórdia de Pinhel e, de 2014 a 2017, da direção da AHBVE.
Livro preferido: “O Pêndulo de Foucault”, de Umberto Eco
Filme preferido: “Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg
Hobbies: Música, fotografia, restauro de carros clássicos, pianos, móveis etc..